Escala 6×1: conheça os 10 países com as menores jornadas de trabalho

A PEC tem gerado discussões intensas no Brasil

O debate sobre a redução da jornada de trabalho no Brasil ganhou ainda mais visibilidade com a introdução da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6X1, que visa abolir a tradicional escala de trabalho 6x1, na qual os trabalhadores têm uma jornada de 44 horas semanais, distribuídas em até seis dias. O movimento "Vida Além do Trabalho" (VAT), criado pelo vereador Rick Azevedo (PSOL-RJ), e a proposta da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), que tramita atualmente na Câmara dos Deputados, buscam reduzir a carga horária para 36 horas semanais, com no máximo quatro dias de trabalho.

A PEC tem gerado discussões intensas, mas também recebeu apoio de figuras políticas, como a deputada Tabata Amaral (PSB-SP), que após pressão pública anunciou seu apoio à proposta. Em nota, Tabata afirmou que a redução da jornada seria uma medida positiva para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores brasileiros, permitindo mais tempo para lazer, autocuidado e convivência familiar, aspectos que ela considera negligenciados pela jornada 6x1. A parlamentar também destacou que, embora a medida tenha impactos econômicos, ela poderia aumentar a produtividade no longo prazo, como já foi observado em alguns países que adotaram jornadas reduzidas.

Em termos internacionais, a discussão sobre a flexibilização das jornadas de trabalho não é exclusiva do Brasil. Muitos países já implementaram ou estão experimentando modelos com jornadas mais curtas. De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil ocupa a 29ª posição no ranking global de carga horária, com uma jornada padrão de 8 horas diárias e 44 horas semanais. Isso coloca o país em um contexto em que a reforma da jornada de trabalho poderia ser benéfica, já que mais de 70% dos brasileiros apoiam a redução da carga horária, segundo a OCDE.

Nos últimos anos, diversos países ao redor do mundo têm se esforçado para adotar jornadas mais curtas, com o objetivo de equilibrar as demandas de trabalho com o bem-estar dos seus cidadãos. Entre os países com as menores jornadas de trabalho estão, por exemplo, a Alemanha, com uma carga média de 26,3 horas semanais, a Dinamarca (27,3 horas), a Noruega (27,5 horas) e a França (30 horas). Esses modelos têm sido associados a maiores índices de produtividade e a um aumento na satisfação dos trabalhadores. Estudos realizados por universidades renomadas, como a de Cambridge e a Boston College, indicam que jornadas reduzidas podem resultar em melhor saúde mental, maior qualidade de vida e maior eficiência no ambiente de trabalho.

No entanto, a proposta da PEC 6X1 no Brasil enfrenta desafios, principalmente no que diz respeito aos custos para os empregadores e à resistência de alguns parlamentares, que questionam o impacto da medida na economia. A proposta prevê que, apesar da redução da carga horária, os salários dos trabalhadores não serão afetados, o que busca evitar uma perda indireta de remuneração. A intenção é garantir que a qualidade de vida seja aumentada sem prejudicar o poder de compra dos trabalhadores.

A experiência de países europeus, como a França e os Países Baixos, que implementaram modelos de jornada reduzida com sucesso, pode ser um guia importante para o Brasil. A mudança proposta pela PEC 6X1 não é uma solução imediata, mas sim um passo gradual em direção a uma sociedade mais equilibrada, onde o trabalho e a vida pessoal coexistem de maneira mais harmoniosa. O apoio crescente de figuras políticas como Tabata Amaral reflete uma mudança de mentalidade em relação ao trabalho no Brasil, alinhando-se com uma tendência mundial que prioriza a qualidade de vida sem sacrificar a produtividade.

Confira as 10 as menores jornadas de trabalho no mundo:

  1. Holanda: média de trabalho de 5,8 horas por dia, sendo 29,2 horas semanais e salário médio de R$ 205.863 por ano.
  2. Dinamarca: média de trabalho de 32,4 horas por semana e salário médio de R$257.850 por ano;
  3. Alemanha: média de trabalho de 34,4 horas semanais e salário médio de R$173.680 por ano;
  4. Suíça: média de trabalho de 34,4 horas semanais e salário médio anual de R$333.660;
  5. Irlanda: média de trabalho de 34,9 horas semanais e salário médio de R$207.450 ao ano;
  6. Áustria: média de trabalho de 35,5 horas semanais e salário médio anual de R$ 188.356;
  7. Itália: média de trabalho de 35,6 horas semanais e salário de R$ 128.630 ao ano;
  8. Austrália: média de trabalho de 35,9 horas por semana e salário médio de R$ 224.054 ao ano;
  9. Suécia: média de trabalho de 35,9 horas semanais e salário médio de R$171.181 ao ano;
  10. França: média de trabalho de 36,1 horas e salário médio anual de R$165.650.