Por Leonardo Sakamoto, no facebook
O apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a Celso Russomanno (Republicanos) materializou-se, nesta quarta (11), quando a estrutura de disseminação de fake news presente no bolsonarismo atingiu seu adversário Guilherme Boulos (PSOL) durante e após o debate UOL/Folha dos candidatos à Prefeitura de São Paulo.
Russomanno acusou o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) de contratar empresas de comunicação fantasmas com dinheiro público para a sua campanha eleitoral. A base da "denúncia" é um vídeo postado quando os candidatos já estavam no estúdio do UOL. Ou seja, o deputado federal teve acesso ao conteúdo antes.
E o responsável pelo vídeo, Oswaldo Eustáquio, militante bolsonarista que se apresenta como "jornalista investigativo", esperava Boulos na saída do estúdio do UOL, o que indica uma armadilha montada contra o psolista.
Eustáquio chegou a ser preso pela Polícia Federal, em 26 de junho, em meio a um inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal que investiga fake news e atos pelo fechamento do Congresso Nacional e do próprio STF.
Russomanno disse que as empresas não existem nos endereços. Em nota, a campanha de Boulos afirmou que uma das produtoras, responsável pela comunicação digital, mudou de endereço e não atualizou a informação na Junta Comercial. E informou os dados e endereços da proprietária, a cineasta Amina Jorge.
Outra produtora, segundo a nota, que presta serviços de planejamento e acompanhamento de pesquisas e monitoramento de redes sociais, está na sede informada, mas seus empregados estão trabalhando em home office na pandemia. E afirmou que tem Beto Vasques como um dos sócios.
A campanha de Boulos entrou na Justiça para que o vídeo seja retirado do ar, afirmou que vai processar os envolvidos e diz que o "Gabinete do Ódio de Bolsonaro quer espalhar mentiras e influenciar o resultado das eleições".
A estrutura do que aconteceu hoje não é nova, mas se repetiu à exaustão na campanha presidencial de 2018, no Brasil, nas campanhas presidenciais de 2016 e 2020 nos Estados Unidos, e na campanha pela saída do Reino Unido da União Europeia, em 2016.
Isso segue o modelo de criação de validação de desinformação, que venho estudando há cinco anos como pesquisador, e que está presente no livro que lancei sobre o tema em 2016.