Por Antonio Mello, escritor, na Fórum
Outro dia, a jornalista Julia Duailibi deixou escapar a palavra "mensalão" num comentário na Globonews sobre o roubo bilionário de dinheiro dos aposentados no INSS. Deputados estariam recebendo alguns milhares de reais por mês para acobertarem a roubalheira, durante todo esse período em que ela ocorre, de 2017 até ser barrado este ano pelo governo Lula.
A Band foi mais direta e publicou reportagem com o título "Exclusivo: Investigação aponta 'Mensalão do INSS', com mesadas de associações pagas para políticos".
Segundo a Band, o esquema abarcaria políticos à esquerda e à direita, como nos mensalões anteriores, mas que trouxeram consequências jurídicas e principalmente políticas apenas para os partidos de esquerda, em especial o PT.
- Fraudes no INSS: Uma investigação revelou um esquema que já está sendo chamado de "Mensalão do INSS", onde políticos de diferentes espectros recebiam mesadas de cerca de R$ 50 mil de associações.
- Políticos envolvidos: Cerca de 15 políticos, incluindo senadores e deputados, facilitavam o acesso dessas associações à cúpula do INSS e à informações confidenciais para a realização de golpes.
- Revelações futuras: Membros das associações envolvidas devem revelar nomes dos políticos implicados quando convocados a depor pela Polícia Federal.
Não por acaso a Folha de S. Paulo lançou ontem uma série de reportagens, que inclui um podcast, sob pretexto de "comemorar" os 20 anos do primeiro "mensalão", no dia de ontem, aquele criado por Roberto Jefferson, réu confesso de embolsar R$ 5 milhões, que manteve em segredo sem revelar jamais onde foram parar.
Embora todas (é bom frisar esse "todas") as associações que roubaram dinheiro dos aposentados tenham sido criadas em anos anteriores ao governo do presidente Lula, e a imensa maioria delas no governo Bolsonaro, a mídia ensaia um novo mensalão para atacar Lula e seu governo, que bloqueou e está investigando o crime.
Confira abaixo as entidades que foram alvo de medidas judiciais, segundo a CGU e o Ministério da Justiça, e os anos em que convênios com o INSS foram firmados:
- Ambec (2017)
- Sindnapi/FS (2014)
- AAPB (2021)
- AAPEN (anteriormente denominada ABSP) (2023)
- Contag (1994)
- AAPPS Universo (2022)
- Unaspub (2022)
- Conafer (2017)
- APDAP Prev (anteriormente denominada Acolher) (2022)
- ABCB/Amar Brasil (2022)
- CAAP (2022)
JN e o esgoto
Uma nova saída de esgoto deve estar sendo criada no departamento de artes da Rede Globo e a qualquer momento deve começar a jorrar dinheiro no Jornal Nacional, com pompa e circunstância, anunciando o tonitruante "mensalão do INSS", a que todos vão se referir como "o novo mensalão do Lula (ou do PT)".
O objetivo é o mesmo do mensalão de 2005 (visando as eleições de 2006), a Erenice e os Correios, em 2010, a Lava Jato, em 2014 e 2018, sendo que nesse 2018 gerou a prisão de Lula, que o impediu de vencer uma eleição que ganhava no primeiro turno, segundo todas as pesquisas, e depois impedir a virada de Haddad, com a divulgação por Sérgio Moro às vésperas das eleições da delação fraudada do ministro Palocci com acusações falsas contra Lula.
O "novo mensalão" faz parte do velho jogo sujo da mídia e já está de roupa nova, com seu fedor característico, pronto para entrar em cena e ser usado.