Eleição na França faz Ciro Nogueira jogar em todas as posições

Por Oscar de Barros, jornalista

Por Oscar de Barros, jornalista

O texto de Ciro Nogueira publicado no domingo (7) no X (antigo Twitter), mostra que a paz entre a extrema direita e a direita brasileira não existe, mostra que esse agrupamento na realidade está rachado. Ciro Nogueira, pelas entrelinhas, torna-se porta-voz do Centrão brasileiro. O Centrão é um agrupamento político do Congresso Nacional que tem as verbas públicas como a sua grande meta. Projeto Nacional eles não têm, o projeto deles é faturar verbas federais votação após votação. 

Por incrível que pareça e contrariando suas últimas postagens, Ciro manda recado para esquerda e diz que está pronto para o diálogo. Nogueira e seus aliados não dão a mínima para o projeto de direita conservador, liberal. Eles querem é não largar a mamata, não largar o poder, acena para todos os lados com o objetivo de estar sempre do lado do vencedor. Esse é o senador piauiense, esse é o líder do Centrão, Ciro Nogueira. 

Leia, abaixo, a íntegra do que o senador publicou:

"As eleições para a França deixam uma lição pedagógica para todo o mundo e o Brasil.

Os setores extremistas, que possuem tentações majoritárias e dominantes em ambos os polos, procuram o tempo todo desqualificar os que pensam diferente, mesmo que possuam inúmeros pontos de convergência com pontos centrais de sua agenda. No Brasil não é diferente. Os setores mais vigorosos da Direita ainda imaginam que podem, sozinhos, ser referendados pela vontade popular. Mas o povo brasileiro não é de extremismos.

É por essa percepção deslocada que setores conservadores, identificados com premissas liberais clássicas, com princípios econômicos, mas que não enfatizam, por exemplo, questões de costumes, são muitas vezes estigmatizados pelas correntes mais fundamentalistas da Direita brasileira.

Nada contra que cada corrente professe suas preferências e posturas. A democracia, afinal, é isso. Mas o que os acontecimentos da França demonstram é que a construção de uma maioria exige mais do que convicção. Exige a capacidade de congregar em torno de um projeto nacional, de uma nação que não possui um pensamento único, mas múltiplo, um projeto maior do que o de qualquer corrente.

Caso contrário, mesmo setores que partilham valores comuns podem ser lançados pela dinâmica de rejeição da polarização a uma lógica plebiscitaria em que o extremismo se torne pior do que a união de forças contra ele.

Para aqueles da Direita brasileira que entendem que ela é o começo, o meio e o fim, fica o alerta da França: a democracia não possui um único caminho quando o extremismo se apresenta como a direção inevitável.

A esquerda também deve aprender com o dia de hoje. Ganhou, mas não é majoritária também. Foi a vitória da derrota. Ou a derrota da vitória. Quando os extremos se enfrentam, a fragmentação triunfa e as diferenças sobressaem. Como deve ser. Mas, para a Direita, tão crítica e impiedosa com os seus próprios, fica o recado."