Eleição: capitais nordestinas matam 70% mais jovens que Rio de Janeiro

É tarefa da população cobrar mais políticas públicas das prefeituras

As capitais do Nordeste matam cerca de 70% mais jovens do que a cidade do Rio de Janeiro. A média das nove capitais da região registra taxa de homicídios de jovens de 15 a 29 anos de 165,4 a cada 100 mil habitantes, já o RJ registra 97,5 assassinatos de jovens a cada 100 mil.

De acordo com o Fórum Brasileiro da Segurança Pública, autor do estudo, a taxa de homicídio nacional, para todas as faixas etárias ficou em 22,8 a cada 100 mil habitantes em 2023. O número é quase quatro vezes maior do que a taxa mundial, que, de acordo com a ONU, é de 5,8 homicídios por 100 mil habitantes no mundo.

O coordenador de relações institucionais do Instituto Cidades Sustentáveis, Igor Pantoja, lamenta a maioria das candidaturas à prefeitura foca apenas em propostas para fortalecer as guardas municipais. Na concepção dos estudiosos, há inércia por parte dos órgãos administrativos municipais.

“Tem muitas coisas que o município pode fazer. É de responsabilidade do município agir na prevenção à violência. Ele pode atuar nas escolas, nas unidades de saúde, com a assistência social, e com o acompanhamento das medidas socioeducativas de crianças e adolescentes em conflito com a lei, que é responsabilidade municipal”, destacou.

Todas as nove capitais do Nordeste estão entre as mais mortais do país para a juventude. Das doze capitais com maior índice de homicídio contra jovens de 15 a 29 anos, nove estão no Nordeste.

A pior de todas é a capital baiana, Salvador, onde são assassinados 332 jovens a cada 100 mil habitantes. Recife vem em seguida com 202 homicídios a cada 100 mil habitantes. Os dados foram sistematizados pelo Instituto Cidades Sustentáveis com base nas informações do DataSUS, do Ministério da Saúde.

A capital nordestina com o melhor índice é São Luís (MA), que ocupa a 15ª posição dentre as 26 capitais que vão as urnas no próximo domingo (6). A capital maranhense registra 120 jovens assassinados a cada 100 mil habitantes.

O sociólogo Igor Pantoja destaca que as prefeituras costumam negligenciar o acompanhamento dos jovens em conflito com a lei. “Esses jovens tem uma altíssima taxa de reincidência, de agravamento, inclusive, dos crimes que os jovens estão cometendo”, comentou.

De acordo com o especialista, os eleitores podem cobrar mais recursos e investimentos para assistência social dos municípios como forma de combater a violência nas cidades. 

“Quando uma família, principalmente as mulheres, vai procurar um equipamento de assistência social, esse equipamento, muitas vezes, não consegue resolver as questões que a família apresenta, inclusive as questões com a violência. É preciso contratar mais profissionais nessa área”, afirmou.

Com informações da Agência Brasil