Ele foi internado, a mãe também, perdeu 2 irmãos e deve 180 mil reais

Essa é a dramática história do advogado Amaury Andreoletti

Foto: O Globo
Família Andreoletti

Manaus (AM) tem seu sistema de saúde colapsado e o advogado Amaury Andreoletti encarna o drama da maioria dos manauras.

Vários membros da família de Amaury, incluindo ele próprio, contraíram o coronavírus. Ele ficou quatro dias internado e, felizmente, conseguiu se recuperar e voltar para casa. Porém, conta que viu a mãe, a irmã e o irmão serem internados de maneira simultânea, nas últimas semanas.

A mãe de Amaury, após duas semanas, teve alta do hospital estadual Delphina Aziz. Sua irmã, Gabriela, teve sucessivas crises de pânico na UTI superlotada do mesmo hospital, mas no dia 13 morreu vítima de complicações de covid.

Apenas quatro dias depois do falecimento da irmã, Amaury perdeu também o irmão, Victor. Ele não conseguiu vaga na rede pública e passou 18 dias internado, em estado grave, num hospital particular. Cada diária na UTI dessa unidade de saúde custa R$ 10 mil.

Agora, além de perder dois irmãos vítimas de covid, no espaço de três dias, Amaury também precisa pagar uma dívida de R$ 180 mil com o hospital particular, onde seu irmão esteve internado.

Amaury conta que seu irmão precisou ser hospitalizado na véspera de Ano Novo. Naquele dia, sete dos onze hospitais particulares da capital amazonense já não tinham mais vagas, e nas UTIs públicas, a ocupação tinha chegado a 95%. Ele conta que o irmão estava em 59º lugar na lista de espera do estado. Como a situação só se agravava, ele decidiu colocar o irmão no primeiro hospital particular onde houvesse vaga.

Além de se desdobrar para visitar todos seus familiares, ele também tentou organizar formas de pagar a conta do hospital particular, que só aumentava. O advogado recebeu ajuda de colegas do trabalho e alguns amigos, que criaram um financiamento coletivo para ajudá-lo. Ele revela que vendeu carros, imóveis, mas que agora não tem mais como fazer isso.

Esse não é um caso isolado. Em Manaus, os hospitais privados têm cobrado o valor antecipado das famílias de pacientes com covid-19.

Esses valores ficam entre R$ 50 mil e R$ 100 mil. A maioria da população não possui condições de pagar nem sequer uma porcentagem desses valores, por isso o número de pacientes que morrem em casa também aumentou na capital – em média, 30 mortes por dia.

Amaury afirma que cada morador de Manaus hoje tem um parente ou uma pessoa conhecida que pegou o vírus ou que faleceu. E revela que sua família não ficou junta nas festas de fim de ano e que cada membro contraiu a doença num local diferente.

Amaury faz um forte apelo a todos os cidadãos brasileiros: "fiquem em casa e só saiam quando for realmente necessário". Para ele, a realidade só bate quando um ente muito querido falece. Também pede que as pessoas não esperem chegar ao ponto de ver um parente ser internado para compreender a gravidade da situação!

Com informações do O Segredo