A recente mudança de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para os Estados Unidos gerou apreensão no Supremo Tribunal Federal (STF) e acendeu o alerta sobre os próximos passos do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo ministros ouvidos pelo blog de Andréia Sadi, no G1, a ida do deputado não seria apenas simbólica, mas parte de uma possível estratégia para viabilizar uma eventual saída do pai do país.
“É um cálculo político: eles têm um palco nos Estados Unidos e podem preparar a fuga do pai, que será chamada de exílio”, afirmou um dos integrantes da Corte.
O cenário ganhou força após o esvaziado ato realizado em Copacabana, no Rio de Janeiro, que teve como principal pauta o pedido de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. Para membros do STF, a baixa adesão do protesto marcou um ponto de inflexão na estratégia da família Bolsonaro, evidenciando o enfraquecimento da capacidade de mobilização popular do ex-presidente.
Investigações da Polícia Federal já haviam apontado que Bolsonaro cogitava permanecer nos Estados Unidos durante a tentativa de golpe no fim de 2022. Além disso, a quebra de sigilo bancário revelou uma transferência de R$ 800 mil feita pelo ex-presidente para os EUA pouco antes de sua saída do Brasil.
Diante da possibilidade de ser condenado pelo STF, ministros e investigadores não descartam que Bolsonaro volte a considerar um novo exílio.
Aliados do núcleo bolsonarista relataram ao blog que a decisão de Eduardo de se mudar para os Estados Unidos foi tomada de forma repentina. “Ele não tinha nem roupas para esse período de mudança”, disse uma fonte próxima. A atitude teria surpreendido até o próprio Jair Bolsonaro, que, segundo interlocutores, discordou da iniciativa do filho.
Além de uma eventual preparação para a saída do ex-presidente, a presença de Eduardo em solo americano também teria motivações políticas. A ideia seria aumentar a pressão internacional contra o ministro Alexandre de Moraes, que enfrenta questionamentos jurídicos nos Estados Unidos. No entorno da família Bolsonaro, Donald Trump ainda é visto como uma possível carta na manga. “Bolsonaro não tem saída jurídica. A única saída seria se Trump decidisse comprar essa briga politicamente”, afirmou um aliado próximo.
Apesar das especulações, Jair Bolsonaro negou qualquer intenção de deixar o país. Em entrevista à revista Oeste, na última quarta-feira (19), declarou: “A imprensa está especulando que vou fugir para a Embaixada dos Estados Unidos. Não vou fugir, não vou sair do Brasil”.
Ainda assim, os ministros do Supremo seguem atentos aos próximos movimentos da família Bolsonaro.