Dino diz torcer por saúde de Bolsonaro: “Tem multa para pagar no MA”

O governador alerta que, apesar do desgaste, a esquerda não se deve cometer o mesmo erro de 2018 de menosprezar adversário no 2º turno

Foto: Carta Capital
Flávio Dino (PSB)

Ao comentar a hospitalização às pressas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ocorrida na madrugada da última quarta-feira (14/7), o governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), disse que torce pela “plena recuperação” do adversário, mas lamentou a tentativa de vitimização política que, segundo ele, ocorreu após a internação.

Bem humorado, o governador apontou que o uso político não é adequado e disse torcer para que o presidente recupere logo a saúde, para que possa responder a processos e ainda pagar a multa que deve ao estado do Maranhão.

“Não quero tratar de forma alguma sobre problema de saúde de adversário p0lítico. O que eu lamento é a tentativa de politizar um problema de saúde”, disse o governador, em entrevista ao Metrópoles nessa sexta-feira (16/7).

“Quanto ao problema de saúde, eu torço muito para que ele não tenha nada de grave e que resolva o problema dele, que os médicos resolvam, que o hospital resolva. Agora, outras pessoas tentam montar uma estratégia de vitimização que não é adequada, não é conveniente”, destacou.

“Nesse aspecto, eu lamento e espero que ele tenha sua saúde plenamente restaurada. Até porque, ele tem muitos processos para responder no futuro. E tem uma multa para pagar lá no Maranhão”, brincou o governador.

A multa se refere à visita de Bolsonaro ao estado em maio deste ano, quanto o presidente desrespeitou medidas sanitárias impostas pelo governador em função da pandemia de Covid-19, provocando aglomerações e não usando máscara. Na época, era permitido realizar eventos no estado com no máximo 100 pessoas até às 23h

A Superintendência de Vigilância do Maranhão fixou a punição em R$ 80 mil. O documento indica que Bolsonaro violou o limite de pessoas permitido ao promover no município de Açailândia uma cerimônia de entrega de títulos rurais.

Articulações

Recém-chegado ao PSB, Dino tem trabalhado para tentar ampliar o partido no Maranhão e também participado do mesmo esforço na esfera federal. Ele tem sido responsável em parte pela reaproximação com o PT, que deve lançar como candidato ao Planalto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O governador maranhense, que sempre foi defensor da chamada frente ampla de centro-esquerda, também tem mantido diálogo com o PDT de Ciro Gomes (CE). Nesse caso, porém, seu desempenho tem sido de tentar apaziguar os ânimos do cearense em relação ao petista.

Precaução

Na próxima semana, Dino terá uma conversa com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, e pretende, segundo ele, fazer um alerta: “Não se pode menosprezar Bolsonaro”.

Lupi tem apostado na possibilidade de Bolsonaro não ter fôlego para chegar ao segundo turno das eleições, por conta de todo o desgaste. Para Lupi, o segundo turno se dará entre Lula e Ciro. As constantes críticas do pedetista ao ex-presidente se justificariam, neste contexto, para Ciro se diferenciar, marcar posição.

Dino alerta, no entanto, que é necessário manter um ambiente que permita diálogo no segundo turno. “Como Lupi me pediu para ir ao Maranhão, eu acredito que a pauta é sobretudo o estado”, disse.

“De todo modo, eu vou colocar na mesa o que eu acredito. Se não for possível uma união em primeiro turno, que ela se dê no segundo. Parece ser difícil uma conveniência plena no primeiro turno. Eu diria que, nesse momento, ela é impossível. Mas é necessário criar um ambiente de diálogo para que no segundo turno haja essa integração com o objetivo de derrotar Bolsonaro”, argumentou Flávio Dino.

“O Bolsonaro enfraqueceu muito, não há dúvida, mas ele ainda é um candidato forte e não pode ser minimizado”, ponderou o governador.

“Um dos erros de 2018, de muitos, foi não acreditar que ele venceria a eleição, de tão absurdo que era. Quando eu falo de erro, não estou dizendo no sentido de culpa. Mas era tão absurdo que uma pessoa tão despreparada, desqualificada, ganhasse a eleição, que ninguém acreditava. Então, muitos erraram nisso, eu inclusive”, reconhece.

“Eu achava que jamais Bolsonaro ganharia a eleição. Aliás, em condições normais, não teria ganho mesmo. Mas aprendendo com isso, a gente não pode minimizar ou achar que ele está fora do segundo turno”, reiterou.

Lula

Dino entregou nesta semana uma cópia do plano ambiental ao ex-presidente e acredita que há grandes chances de que o material elaborado pelos 9 estados seja incorporado pela campanha petista.

“Eu entreguei o plano para ele e nós ficamos umas duas horas conversando. Mais da metade do tempo foi sobre economia verde e sobre a Amazônia. Ele está muito motivado com o tema”, disse.

Na reunião, Dino ainda acertou uma ida de Lula ao Maranhão. O petista deve iniciar em agosto uma série de viagens ao Nordeste com o objetivo de se reunir com lideranças políticas em agendas ainda fechadas.