Dilma levou ex-presidentes ao funeral de Mandela; Bolsonaro levou amigos no da rainha

Diplomaticamente, essa viagem à Inglaterra é uma afronta às tradições da diplomacia do nosso país. Ele inaugurou a diplomacia da cafajestada

Foto: Montagem pensarpiauí
Viagens ao funeral de Mandela e da Rainha Elizabeth

247 -  O jornalista Florestan Fernandes Júnior, em participação na TV 247, reagiu ao comportamento de Jair Bolsonaro (PL) em sua passagem por Londres para o funeral da rainha Elizabeth II. Florestan fez uma comparação entre os governos da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e de Bolsonaro em momentos diplomáticos.  Ao contrário de Bolsonaro, Dilma levou os ex-presidentes da República José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Lula em sua comitiva para acompanhar o funeral do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela.

“Isso é um ato de uma estadista. Ao contrário de Bolsonaro, que usou a embaixada do Brasil, que não pertence a ele, não é do PL, para fazer campanha política, sobretudo em um país que está de luto. Bolsonaro sai do Brasil e leva em sua comitiva Silas Malafaia [empresário e pastor evangélico] e um padre. Ele não tem nem uma comitiva à altura”, disse.  

Florestan acrescenta que o episódio só fortaleceu a péssima imagem internacional de Bolsonaro. “Diplomaticamente, essa viagem para a Inglaterra é uma afronta às tradições da diplomacia do nosso país. Um desprestígio internacional. Ele inaugurou a diplomacia da cafajestada”, pontuou.

O jornalista acrescenta explicando a gravidade do que representa Bolsonaro. “Na política externa, Bolsonaro não pode ser comparado com nenhum dos ex-presidentes, nem com Collor e muito menos com generais presidentes. Inacreditável, mas ele não chega perto nem do Figueiredo. Os generais na época da ditadura militar faziam discursos elaborados pelos diplomatas do Itamaraty”, declarou. 

O posicionamento anti-diplomático de Bolsonaro na Inglaterra pode, inclusive, fechar portas para o Brasil, segundo Florestam. “Quem vai ter segurança de fechar grandes acordos com um presidente que lembra o ex-ditador Manuel Noriega, militar nacionalista que comandou de maneira autocrática o Panamá nos anos 80?”, finalizou.