Desmascarado: Marçal usa empresas falsas para vender imagem de bem-sucedido

Apesar das afirmações de Marçal em palestras e entrevistas, ele não é sócio de nenhuma dessas empresas

O coach bolsonarista Pablo Marçal (PRTB), candidato à Prefeitura de São Paulo, tem se promovido como um empresário de sucesso que acumulou fortuna liderando vários negócios. Entre as realizações que ele divulga em suas redes sociais estão a compra de um banco e de uma seguradora, supostamente avaliados em R$ 400 milhões.

Em palestras e entrevistas em podcasts, Marçal alega que o banco está “autorizado” a operar e foi criado devido à sua insatisfação com as instituições financeiras tradicionais. Ele também afirma que a seguradora já opera com autorização da Superintendência de Seguros Privados (Susep).

No entanto, documentos indicam que o banco não é de fato um banco, e a seguradora não possui o registro necessário para atuar como tal. Além disso, Marçal não aparece como sócio de nenhuma dessas empresas, conforme informações do Metrópoles.

O “banco”

A suposta instituição financeira mencionada por Marçal não consta nos registros do Banco Central (BC), e a seguradora não possui registro na Susep. Na realidade, o “banco” é apenas uma plataforma que cobra R$ 45 para abrir uma conta em outra instituição financeira, que é autorizada pelo BC e não cobra taxas para abrir contas.

Marçal chegou a afirmar: “O dia que eu comecei a ter clareza na minha vida, o que eu quis? Eu quis? Eu quis abrir um banco. Eu tenho um banco, o General Bank.” Ele também declarou: “Já está autorizado, já. Tem muito negócio, a gente nem fica fazendo propaganda para não parecer camelódromo digital.”

O General Bank é apenas uma marca registrada várias vezes por Marçal no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), abrangendo desde um banco até uma loja de cursos on-line. Entretanto, esse registro não significa que ele seja sócio de uma empresa ou proprietário de um produto real.

Ao tentar abrir uma conta no General Bank, os clientes se deparam com dois fatos principais: primeiro, ao contrário dos grandes bancos do país e em desacordo com as normas do Banco Central, a plataforma cobra R$ 45 pelo cadastro inicial e pela abertura da conta.

Segundo, a conta aberta não é no General Bank, pois ele não é um banco de fato. Trata-se de uma conta corrente no Asaas, uma instituição financeira autorizada pelo Banco Central, que oferece o mesmo serviço de forma gratuita.

Os R$ 45 cobrados pela abertura de conta são direcionados para as contas da BRM1, uma empresa de Bruno Pierro, amigo de Marçal. No final das contas, o “banco” que Marçal afirma possuir é apenas uma plataforma que cobra dos clientes para abrir uma conta no Asaas, que oferece esse serviço gratuitamente e sem intermediários.

A “seguradora”

De forma semelhante, a seguradora mencionada por Marçal é, na realidade, uma revendedora de seguros de outras empresas e ainda vende um curso de “executivo” por R$ 497, que ensina como ser corretor de seguros.

Alguns anos atrás, Marçal começou a promover uma seguradora chamada “Loovi” em seu reality show de empreendedorismo, “La Casa Digital”, apresentando-a como patrocinadora do programa. Ele chegou a chamar a empresa de “Netflix dos Seguros”.

Posteriormente, Marçal começou a citar a Loovi em palestras, alegando que a havia adquirido e que a seguradora possuía registro na Susep. No entanto, a Loovi foi fundada em 2019 com um capital social de apenas R$ 50 mil, e seu CNPJ não está registrado na Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão responsável por fiscalizar o mercado de seguros no Brasil.

A empresa está em nome de outro influenciador, Quezide Cunha, que é próximo de Marçal e conhecido por dar “conselhos bilionários” na internet. Na prática, a Loovi atua como intermediária, revendendo os serviços da LTI Seguros SA, onde Quezide é presidente.

Vale destacar que Marçal tem apenas uma sociedade em conta de participação (SCP) com o nome Loovi, um tipo de empresa em que um sócio ostensivo aporta o capital e assume a responsabilidade pela sociedade, enquanto o outro sócio é o administrador. No entanto, nesta SCP, somente Marçal e sua holding estão envolvidos, sem qualquer vínculo societário com a LTI ou a Loovi.

Com informações do DCM