Depois da pandemia: sistema de crédito social, vacinação obrigatória, moeda digital e Renda Básica Universal

Rudá Ricci, apoiado em artigo de Pepe Escobar discute o que será do mundo após a pandemia

Foto: Superinteressante
Que mundo virá após a pandemia ?


Por Rudá Ricci, no facebook

Bom dia. Acordei neste domingo de Páscoa com duas previsões que contradizem o sentido deste dia. Vou socializar os dados para dar um sentido de urgência na elaboração de políticas públicas mais eficazes que as já anunciadas.

Comecemos com as projeções apresentadas por Pepe Escobar em um artigo. Destaquei alguns das informações mais significativas:

1. A OIT prevê um desemprego global de mais de 24,7 milhões de pessoas, especialmente em aviação e turismo.

2. O Banco Asiático de Desenvolvimento do Japão, em seu relatório econômico anual, observou que o impacto da “pior pandemia em um século” será de US $ 4,1 trilhões, ou 4,8% do PIB global.

3. Lu Ting, economista-chefe da China em Nomura, em Hong Kong, enfatiza que a China enfrenta um declínio de 30% nas exportações

Pepe Escobar, no seu artigo de sexta, projeta as iniciativas em discussão que lhe parecem mais prováveis de se realizarem: um sistema de crédito social, vacinação obrigatória, uma moeda digital e uma Renda Básica Universal (UBI).

Este artigo de Escobar converge com o publicado hoje no UOL. A matéria de capa apresenta pesquisa do Ibre/FGV, de autoria de Silvia Matos, Luana Miranda, Livio Ribeiro, Vilma Pinto, Paulo Peruchetti e Tiago Martins. Os autores projetam 12,6 milhões de desempregados no Brasil e queda de renda de até 15% em função do coronavírus (“Estudo aponta que pandemia pode até dobrar o desemprego” - 12/04/2020 - Mercado – Folha).

Mesmo com a medida de renda emergencial, projetam queda de renda de 5,2%.

O índice de desemprego, no cenário mais factível identificado por eles, será de 17,8% no final deste ano, com retração de 3,4% do PIB.

Os dados apresentados são estarrecedores. Devem nos inspirar para, sob o signo da ressurreição, iniciarmos um necessário debate sobre saídas importantes. Pepe Escobar sugere que a Renda Básica Universal está mais próxima de ser adotada. É pouco. Alguns expoentes mundiais, mesmo conservadores, estão publicando alertas quase diários. Este é o caso de Henry Kissinger, que sugeriu: "Vivemos um período épico. O desafio histórico para os líderes é gerenciar a crise enquanto construímos o futuro. O fracasso pode incendiar o mundo".

No Brasil, temos que esquecer que gente como Bolsonaro e Zema existem. Temos que tomar a frente e deixar aqueles que não têm o que apresentar no passado. Os dados impõem a urgência de discussões e iniciativas que não encontremos nosso país, lá para outubro, num estado de "terra arrasada".

Toda crise mundial desta envergadura, na história da humanidade, gerou duas respostas: novo padrão de higienização apoiada na valorização da ciência e no misticismo fanático. Da Idade Média até aqui, a ciência venceu: as Santas Casas de Misericórdia foram substituídas por hospitais profissionalizados, com técnicas de higienização; estatísticas e estudos passaram a nortear a ação de governantes, substituindo conselheiros que mais pareciam palpiteiros.

O Brasil, percebemos nitidamente, ainda acolhe fanáticos do tipo messiânico. Suas procissões de desalentados, agora apoiados em veículos motorizados, projetam cenas d´O Sétimo Selo de Bergman em tempo real: idiotizados e cercados pela pandemia, jogam-se no misticismo cego, sem futuro. Felizmente, são minoria em nosso país.
É verdade que o cientificismo também gerou a exploração irracional da natureza e das pessoas e alicerçaram a odiosa higienização social, apartando a nossa espécie em territórios padronizados.

Ocorre que a maioria dos brasileiros que decidiu seguir as orientações científicas está impelida, pelo medo, a salvar sua pele e de seus mais próximos. Não consegue, paralisada pelo pânico, pensar em saídas para o país. Saídas que são urgentes.
Assim, por aqui, talvez consigamos discutir. Usar as redes sociais não para propagar o ódio e notícias falsas que partem da falta de solidariedade. Façamos o contrário. Ao menos, inspirados pelo dia de hoje.