De Bebianno ao diretor da Caixa, passando por Adriano da Nóbrega, os mortos de Bolsonaro falam

Os mortos de Bolsonaro também falam muito. É uma coleção de cadáveres tagarelas que sabiam demais.

Foto: Reprodução
Os mortos de Bolsonaro

 
Por Kiko Nogueira, jornalista, no DCM 

Num episódio clássico de “Os Sopranos”, a melhor série de todos os tempos, o chefão atormentado Tony Soprano conversa com Salvatore “Pussy” Bonpensiero, que o havia dedurado ao FBI.

ussy era um homem morto. No sonho de Tony, transmutara-se num peixe — referência ao mandamento da Cosa Nostra de mandar os traidores e inimigos “dormirem com os peixes”. Pussy fala com Tony dos crimes que os dois cometeram. 

Os mortos de Bolsonaro também falam muito. É uma coleção de cadáveres tagarelas que sabiam demais.  

O mais recente é o do diretor de Controles Internos e Integridade da Caixa Econômica Federal, Sérgio Ricardo Faustino Batista, de 54 anos. 

Batista foi encontrado morto na noite de terça, dia 19, no edifício-sede do banco, em Brasília. Segundo informações da Polícia Civil, a ocorrência é tipificada, preliminarmente, como suicídio.

A diretoria de Batista era a responsável por receber as denúncias de assédio sexual e moral contra o ex-presidente da instituição, Pedro Guimarães. Também acolhia casos de abuso de poder, discriminação, corrupção, lavagem de dinheiro e nepotismo e depois as encaminhava à corregedoria.

Batista se junta ao ex-braço-direito da campanha de Jair Bolsonaro, Gustavo Bebianno, morto de infarto aos 56 anos, apesar de não beber, não fumar e lutar jiu-jitsu. Um celular que teria, segundo aliados, informações confidenciais, nunca apareceu. 

O miliciano Adriano da Nóbrega, condecorado pela família no poder, suspeito de envolvimento no assassinato de Marielle Franco, foi fuzilado no interior da Bahia pela PM.

No início da semana, o vigilante Claudinei Coco Esquarcini, que cuidava das câmeras na associação onde o bolsonarista Jorge Guaranho matou o petista Marcelo Arruda, atirou-se de um viaduto em Medianeira, no Paraná.

Guaranho viu as imagens da festa temática de Arruda em seu celular e partiu para o ataque. Esquarcini tinha as senhas.

São testemunhas de um governo pautado pela morte e que, infelizmente, não estão mais aqui para se manifestar verbalmente, mas que deixam um rastro eloquente da natureza dessa gente. 

Bolsonaro transformou o país numa extensão do Vivendas da Barra. Veja a folha corrida da família de Michelle, sua mulher, com mãe, avó, tio enterrados até o pescoço na bandidagem.   

Os óbitos seriais? Tudo mera coincidência, evidentemente, como diriam Carluxo e o velho Tony Soprano.