Por Anderson Rodrigo, no facebook
Há um processo interessante de reorganização e de reposicionamento da Esquerda no Brasil.
Como todo processo ele sempre pode avançar ou regredir.
PT e PSOL nunca realizaram tantas alianças mútuas pelo Brasil, como nesta eleição.
Além do número geral no Brasil, há casos muito emblemáticos.
Em Recife, o PSOL apoia Marília Arraes (PT). Em Belém, o PT apoia Edmilson Rodrigues (PSOL). Em Florianópolis, o PT apoia Elson Pereira (PSOL). Em Manaus, o PSOL apoia Zé Ricardo (PT). Isso pra ficar só nas capitais.
Lógico que causa um pouco de frustração isso não se repetir em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Acho uma pena o PT não apoiar Boulos em São Paulo e o PSOL não apoiar Benedita no Rio.
Mas é compreensível a posição de ambos os partidos nas duas cidades. E em certa medida, bastante semelhantes as razões de ambos.
De toda forma, isso não precisa ser (e acho que não será) impedimento para que a unidade entre PT e PSOL no plano nacional continue avançando.
E tenho esperança que, se preciso for, o PT paulistano terá a grandeza que teve o PSOL gaúcho na eleição de 2010 quando retirou sua candidatura ao Senado na reta final da eleição em favor do PT para tentar impedir uma vitória da direita.
A mesma esperança tenho no PSOL carioca e vice-versa. Caso as posições se invertam.
De todo modo, independente de os partidos fazerem ou não esses gestos, as bases deles farão. E em certa medida já estão fazendo.
E essa movimentação 'espontânea' das bases pra mim é mais um indicativo de esperança.
Demonstra a força e a organicidade que esse processo de reorganização e reposicionamento possui. E demonstra que ele não se deterá tão facilmente diante de obstáculos que algumas burocracias partidárias queiram colocar.
Enfim, sei que estamos numa etapa histórica defensiva, resistindo e enfrentando o fascismo. E sei que muito do que será a partir de 2021 dependerá dos balanços que serão feitos sobre essas escolhas de 2020.
Mas me dou o direito de me sentir otimista diante dessas eleições e do futuro da esquerda brasileira e da possibilidade de uma Frente de Esquerda nacional com PSOL e PT juntos. E quem sabe também o PCdoB e outros setores.