A derrubada do decreto presidencial que aumentava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), ocorrida na noite de quarta-feira (25), escancarou o posicionamento da bancada federal do Piauí — e também a omissão de parte dela. Enquanto três parlamentares optaram por defender os interesses do topo da pirâmide social, outros três se esconderam da responsabilidade política.
Votaram pela revogação do decreto os deputados Átila Lira (PP), Jadyel Alencar (Republicanos) e Júlio Arcoverde (PP). Os três se alinharam ao movimento que livra bancos, investidores e grandes operadores financeiros de uma elevação tributária que tinha como objetivo, segundo o governo federal, ajudar a financiar programas sociais e compensar perdas de arrecadação. A escolha, portanto, foi clara: em vez de aliviar o peso dos tributos sobre os mais pobres, os parlamentares preferiram manter intactos os privilégios das elites financeiras.
Mas tão grave quanto o voto em si foi o silêncio conveniente de Castro Neto (PSD), Júlio Cesar (PSD) e Marcos Aurélio Sampaio (PSD). Os três não registraram voto e se ausentaram da votação — uma decisão que, longe de ser casual, parece calculada. Todos mantêm estreita ligação política com o governo do PT no Piauí, justamente o maior interessado na manutenção do decreto que majorava o IOF. Ao que tudo indica, a ausência foi um gesto de covardia: temiam o desgaste com o Planalto caso votassem contra o aumento, mas também receavam o impacto eleitoral se votassem a favor de mais imposto.
É o velho jogo de omissão política: não votar nem sim nem não, esperando que o episódio caia no esquecimento. Mas a ausência também é uma forma de se posicionar — e, neste caso, evidencia que preferiram o silêncio cúmplice à transparência de um posicionamento público. Se não tivessem receio das consequências políticas, estariam em plenário ao lado dos demais colegas que votaram contra o decreto.
Aos olhos do eleitorado, é importante registrar: esses três deputados faltaram à votação de um tema sensível para o bolso da população e fugiram de prestar contas sobre qual Brasil desejam construir — um com justiça tributária ou um em que quem pode mais, paga menos.