O contrabando de ovos tornou-se uma preocupação maior do que o tráfico de drogas em uma das principais fronteiras entre México e Estados Unidos, refletindo o impacto da escassez e da disparada nos preços do produto no mercado norte-americano.
De acordo com autoridades dos EUA, as apreensões de ovos contrabandeados da cidade mexicana de Tijuana para San Diego, na Califórnia, cresceram 158% neste mês, em comparação com o mesmo período do ano passado.
A situação chegou a um ponto inusitado: o volume de ovos apreendidos já supera em dez vezes as apreensões de fentanil — potente opioide responsável por milhares de mortes todos os anos nos EUA e que costuma entrar no país pela mesma rota. Desde outubro de 2025, agentes da fronteira realizaram cerca de 350 apreensões relacionadas ao fentanil, enquanto os flagrantes envolvendo ovos e produtos avícolas ultrapassaram 3.700 registros.
O principal fator por trás desse fenômeno é a crise na produção de ovos nos Estados Unidos, agravada por surtos de gripe aviária. O vírus H5N1 já dizimou quase 123 milhões de galinhas, perus e outras aves em 49 estados norte-americanos desde 2022. Para conter a disseminação da doença, aves contaminadas são abatidas, o que reduz a oferta e pressiona os preços para cima.
Somente em dezembro passado, cerca de 13 milhões de aves morreram por conta da gripe aviária, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). Como resultado, o preço dos ovos mais do que dobrou em um ano, afetando diretamente o bolso dos consumidores e estimulando o comércio ilegal do produto.
No entanto, as autoridades fazem um alerta: o contrabando pode sair caro. A multa por tentar entrar com ovos ou aves ilegalmente no país pode chegar a US$ 10 mil. Além disso, há o risco sanitário, já que esses produtos não passam por inspeções e podem representar ameaça à saúde pública.