O filme “As Panteras do Lula”, com roteiro e direção de Zel Junior, que é também ator do vídeo, viralizou nas redes sociais desde que foi lançado, na última terça-feira (29), com mais de um milhão e meio de visualizações no YouTube, Facebook, Twitter, Instagram e TikTok. Devido à campanha movido por bolsonaristas contra o filme, a conta de Zel Junior foi derrubada no TikTok.
Com apenas dois minutos de duração, o vídeo impressiona pela qualidade da produção. Tem edição ágil, fotografia impecável, efeitos especiais e letreiros que parecem inspirados no cinema estadunidense, mas rompem com a estética moderna. É uma produção tipicamente pós-moderna.
As “panteras do Lula” são o próprio Zel, um jovem gay de apenas 24 anos, a atriz Jade Mascarenhas e Diana Martins Pantera. O filme representa continuidade e ruptura com a série original, de 1976 e, sobretudo, com a mais recente longa da franquia original, que estreou em 2019. Isso desde a escolha do trio de “panteras” brasileiras: uma mulher cis (Jade), um gay (Zel) e uma trans negra (Diana).
Os outros atores do filme são Sibelius (Lula), Henrique Merloto, Savio Reali e Laleska (robôs), e Lexis Royale (assistente de Lula).
Zel Junior tem um canal no no YouTube desde 2017, para seus filmes, mas dificilmente consegue lançar mais de um por ano. Motivo: falta de dinheiro.
Zel Junior banca toda a produção de seu próprio bolso e apoios eventuais de amigos. Não tem investidores nem patrocínios. E ainda faz questão de remunerar todo o elenco, sempre composto por amigos seus.
Você pode colaborar com as produções de Zel Junior mandando um pix aqui: pixzeljunior@gmail.com."Comecei a rodar 'As Panteras do Lula' em junho de 2021, uma diária por mês. Ia juntando dinheiro e chamando a galera para filmar. Aluguei a câmera e os figurinos. Paguei alimentação e transporte para todo mundo. Tivemos uma locação em Mogi das Cruzes, e cada viagem de Uber me custou 400 reais", contou ele à Folha de S.Paulo.
O filme é todo feito com detalhes que carregam significados ou evocações instigantes ("easter eggs"); Uma das "panteras", Diana, dispara lâminas de barbear de seu bracelete. As lâminas são usadas por travestis para se defenderem nas ruas.
Zelito dos Santos Silva Junior nasceu em Jequié, na Bahia, e se mudou para São Paulo aos nove anos de idade. Mora até hoje com a mãe, o padrasto e a irmã em Cidade Tiradentes, uma comunidade pobre na zona leste, periferia da cidade. Não cursou faculdade: tem apenas o ensino médio, e é autodidata em cinema.
Não é a primeira vez que ele viraliza. Trabalhos anteriores, como as duas partes de "Gay x Crente", também tiveram centenas de milhares de visualizações. Com o tempo, foi se politizando cada vez mais, guinando à esquerda.
"Eu tirei meu título de eleitor aos 16 anos, por influência de uma professora. Ela me contou que, antes do Lula chegar à presidência, pobre não andava de avião. Por isso, eu sempre votei no PT".