Concurso Caixa 2024: Polêmica sobre Exclusão de Aprovados Afeta Atendimento ao Público

O concurso Caixa 2024 excluiu 4 mil aprovados do resultado final, gerando polêmica e prejuízo à população. Entenda o caso.

O concurso da Caixa Econômica Federal 2024 tem gerado grandes discussões desde sua homologação em setembro. A polêmica surgiu quando 4 mil candidatos, que haviam sido aprovados em todas as fases do certame – incluindo provas objetiva e discursiva –, foram excluídos do resultado final. Apesar de cumprirem todos os requisitos de pontuação, esses candidatos não foram inseridos no cadastro reserva, o que levantou sérias dúvidas sobre a transparência do processo.

Enquanto outros órgãos públicos mantêm cadastros reserva amplos para futuras contratações, a Caixa optou por uma abordagem mais restrita, limitando a lista de espera a um número reduzido de aprovados. Em algumas regiões, como o Vale do Paraíba, o banco teve um número extremamente baixo de candidatos classificados: apenas sete. Até o momento, quatro foram convocados, mas nenhum assumiu o cargo, seja por já estarem empregados ou por outros motivos. Isso resulta em um possível déficit de quatro funcionários na região, impactando diretamente o atendimento ao público e sobrecarregando os empregados atuais.

Em resposta, a Caixa afirmou que o concurso ofereceu 4 mil vagas, sendo 3.200 para o cargo de Técnico Bancário Novo (TBN), e que a quantidade de vagas e a distribuição das mesmas seguiam o edital, o qual, segundo a instituição, garante a transparência e a lisura do processo. A Caixa também destacou que as regras do edital são vinculantes tanto para a administração quanto para os candidatos.

No entanto, a comissão dos aprovados excluídos e entidades ligadas ao movimento questionam a decisão e sugerem uma retificação no edital, ampliando o cadastro reserva. Em audiências públicas, como a realizada pela deputada federal Erika Kokay, foi argumentado que o banco poderia sim convocar os excedentes, como já foi feito por outros órgãos, como a Receita Federal e a Polícia Rodoviária Federal. Inicialmente, a Caixa alegou impedimentos jurídicos devido a um acordo com o Ministério Público Federal (TAC), mas essa justificativa foi refutada após uma audiência com a procuradora Daniela Marques, que confirmou que não há barreiras legais para ampliar o cadastro reserva.

Outro ponto importante é o não preenchimento das vagas destinadas às cotas raciais, já que muitos candidatos cotistas foram excluídos do resultado final. Isso pode gerar um problema, pois, além das abstenções (candidatos convocados que não assumem o cargo), não há novos aprovados cotistas para cobrir essas vagas.

Esse impasse tem gerado pressão de sindicatos e parlamentares. A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (FENAE) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) estão entre as entidades que cobram uma solução rápida. A principal preocupação é que, sem ajustes no edital, a Caixa possa se ver obrigada a abrir um novo concurso em breve, em vez de aproveitar os candidatos já aprovados, o que acarretaria em mais custos operacionais.

Além de afetar os candidatos, essa decisão prejudica tanto os funcionários atuais quanto a população. O Plano de Demissão Voluntária (PDV) de 2024 já reduziu o quadro de empregados da Caixa em cerca de 4 mil pessoas, sendo uma parte significativa desses trabalhadores responsáveis pelo atendimento nas agências. O concurso de 2024, por sua vez, oferece apenas 1.600 vagas para o cargo de Técnico Bancário Comercial, com um cadastro reserva limitado a 400 vagas. Com a exclusão dos aprovados, a Caixa pode enfrentar ainda mais dificuldades para atender à demanda, comprometendo a qualidade dos serviços prestados e agravando a sobrecarga nos funcionários já em atividade.

A comissão que acompanha o caso ressalta que, sem a inclusão dos aprovados, a Caixa estará comprometendo a eficiência do concurso e o atendimento à população, uma vez que as vagas não preenchidas no momento do lançamento do edital podem prejudicar a instituição ainda mais no futuro.