Por Luis Felipe Miguel, no facebook
Votei em Boulos em 2018. Era óbvio que ele não tinha chance, mas eu julgava que era importante fortalecer uma posição mais marcadamente à esquerda. Votei em Boulos sabendo que no segundo turno estaria com Haddad - que, ele sim, concorria para vencer.
É difícil não pensar como estaria o Brasil, nessa crise, sob a presidência de Haddad. Um sujeito preparado, inteligente, competente, racional, sensível.
Um político do tipo que se dedica a aparar arestas - um conciliador, mesmo, característica que nem sempre é positiva, mas que em momentos que exigem união nacional cumpre seu papel.
Nem tudo seriam flores. Morreriam pessoas, decerto bem menos, mas ainda assim muitas. Haveria erros de condução, porque a doença é nova e não existe cartilha de como proceder. A extrema-direita tentaria boicotar todos os esforços sanitários. As pressões do empresariado, das igrejas e de outros grupos seriam grandes. A imprensa estaria martelando o discurso do Guedes, de que auxílio aos pobres destrói o país e incentiva a "preguiça".
Mas teríamos o principal: reconhecimento da seriedade da pandemia, da necessidade do isolamento, do valor da ciência, da importância do sistema público de saúde, do papel do Estado para garantir a sobrevivência e a segurança dos trabalhadores e dos pequenos negócios.
Estaríamos preparados para iniciar a vacinação entre os primeiros do mundo. Teríamos seringas, SUS e esperança.
Mas 57.797.847 brasileiras e brasileiros acharam que estamos melhor nas mãos de um psicopata.