Centrão quer Ciro Nogueira, articulador do golpe dos ricaços, como vice de Tarcísio

Foi dado prazo para Bolsonaro indicar Michelle ou um dos filhos. Caso isso não ocorra, Ciro Nogueira é o vice dos "sonhos" para Tarcísio

Fórum - O Centrão rifou definitivamente Jair Bolsonaro (PL) e já tem um "nome dos sonhos", segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, para compor como vice a chapa da terceira via anti-Lula encabeçada por Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), caso o ex-presidente não jogue definitivamente a toalha e declare que não pretende levar adiante a combalida candidatura - já que se encontra inelegível até 2030 e prestes a ser preso - até o final do ano.

Por meio do jornal da família Marinho, um líder do Centrão afirmou que caso Bolsonaro escale Michelle ou um dos filhos ainda em 2025 para vice será respeitado. 

"Vamos resolver isso no fim do ano. Se o Bolsonaro não se definir até lá é porque o candidato dele a presidente será o Flávio", afirmou o "líder do Centrão", largando o clã do ex-presidente à deriva no cenário político, já que Flávio Bolsonaro (PL-RJ) não tem pretensões de sair candidato ao Planalto.

Para o lugar reservado a um Bolsonaro, o Centrão já sonha em colocar o presidente do PP, o senador Ciro Nogueira, que está à frente juntamente com Antônio Rueda, presidente do União, do golpe dos ricaços desencadeado no Congresso Nacional.

Golpe dos Ricaços

A antecipação da disputa presidencial com pautas-bomba no Congresso é articulado por Nogueira e Rueda. PP e União Brasil  se uniram em abril em uma federação em abril, que hoje conta com a maior bancada na Câmara, com 104 deputados, além de 14 senadores.

Juntos, os dois iniciaram um levante para cooptar quadros do centrão e a direita para antecipar as eleições e implodir a base do governo, que conta com partidos de centro, a partir do segundo semestre de 2026, antecipando em mais de um ano a disputa eleitoral.

O objetivo é "sangrar" Lula provocando terrorismo na agenda econômica, forçando o "corte de gastos" no orçamento e, assim, impedir que o presidente avance em pautas sociais, que tem forte apelo ao eleitorado mais pobre.

Antes das sessões na Câmara e no Senado do dia 25, que derrubou as mudanças no IOF e aumentou de 513 para 531 o número de deputados, Nogueira e Rueda se reuniram com os presidentes Republicanos, Marcos Pereira, e do MDB, Baleia Rossi.

“Em primeiro lugar, queremos alinhar os palanques estaduais para as eleições do próximo ano; em segundo, ter uma atuação conjunta no Congresso. Isso é importante para fazer uma frente desses quatro partidos", disse Nogueira à jornalista Vera Rosa, do Estadão, confirmando a articulação com o Congresso.

“O governador Tarcísio só vai ser candidato à sucessão de Lula se tiver o apoio do presidente Bolsonaro lá na frente. Agora, eu defendo que os nossos partidos escolham o mesmo nome para podermos estar juntos na campanha”, emendou Nogueira, ciente que Bolsonaro já desistiu da disputa em razão da inelegibilidade e iminente prisão.

"Grupo vem forte"

Cortejado pela Terceira Via e o Movimento Brasil, de Michel Temer (MDB), como o "anti Lula" para 2026, Tarcísio disse em evento de filiação de Guilherme Derrite ao PP, em 22 de maio, que o Centrão estará unido em torno de sua candidatura em 2026.

"Uma coisa que é importante, que não pode passar despercebida, é o simbolismo desta reunião aqui. É a quantidade de lideranças que nós temos aqui, do Brasil inteiro. Para quem duvida que esse grupo vai estar unido no ano que vem, eu digo para vocês: esse grupo estará unido", afirmou o governador.

"Esse grupo vai ser forte, esse grupo tem um projeto para o Brasil. Esse grupo vai fazer a diferença. Esse grupo sabe o caminho. No momento em que há dúvida, no momento em que tem muita gente lá em Brasília perdida, que não sabe o caminho, e em que as decisões são tomadas de forma casuística, às vezes até de forma irresponsável, tem o grupo aqui, que está unido, que sabe o caminho, que quer fazer a diferença", emendou Tarcísio, em um discurso focado no Planalto, com afagos a Valdemar da Costa Neto, presidente do PL.

"Os governadores de São Paulo sempre erram ao serem eleitos: querem logo disputar a Presidência e se colocam como candidatos. E é por isso que talvez o Brasil vá chamar o governador Tarcísio de presidente muito em breve. Ou agora ou em 2030. E quem vai decidir isso é o povo de São Paulo e o povo do Brasil. Mas pode ter toda a certeza: se houver essa decisão, governador, tanto o União Brasil quanto o Progressistas estarão ao seu lado", disse Nogueira.

Direita sem Bolsonaro

O ato, que aconteceu na Vila JK, um espaço de luxo na Vila Olímpia - uma das regiões mais caras da capital -, foi o primeiro encontro do movimento da "direita sem Bolsonaro", pregado pelo ex-presidente golpista Michel Temer, para fazer frente à reeleição de Lula em 2026.

No palanque, entre Tarcísio, Derrite e Nogueira, acotovelavam-se os presidentes do PSD, Gilberto Kassab; do União Brasil, Antônio Rueda; e do Podemos, Renata Abreu.

Além dos caciques, marcaram presença evento nomes como o ex-ministro da Saúde de Temer, Ricardo Barros (PP-PR); Kim Kataguiri (União-SP); Antônio Carlos Rodrigues, representando o MDB paulista; além de outras figuras que atuam nos bastidores da aliança, como Maurício Neves (PP-SP), presidente estadual dos progressistas.

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