Caixa paralelo e dinheiro vivo: Michelle Bolsonaro na mira do MPF

Líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias denuncia suposto esquema de ocultação de recursos para cobrir despesas da ex-primeira-dama

O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), protocolou nesta quarta-feira (26) uma representação criminal no Ministério Público Federal (MPF) contra a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A ação pede a abertura de uma investigação sobre denúncias de um suposto caixa paralelo, utilizado para financiar despesas pessoais da ex-primeira-dama com recursos públicos durante o governo Bolsonaro.

A denúncia aponta que valores, que teriam sido desviados do cartão corporativo da Presidência, foram movimentados em dinheiro vivo, sem rastreamento oficial, com a intenção de esconder a origem dos recursos. Além disso, Lindbergh alega que há indícios de que dinheiro público foi utilizado para pagar faturas de cartão de crédito de uma amiga de Michelle Bolsonaro.

O deputado exige a identificação e responsabilização de todos os envolvidos no possível esquema, incluindo agentes públicos e privados. Ele também solicita a apuração de crimes administrativos e financeiros, além do ressarcimento dos valores aos cofres públicos, caso o desvio seja comprovado.

"Protocolei hoje no MPF, CGU, PF e Casa Civil requerimentos de informação sobre o uso de recursos públicos em gastos pessoais da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Temos denúncias robustas da existência de caixa paralelo e rachadinha com o cartão corporativo da Presidência. Estamos solicitando a abertura de investigação e a adoção de medidas legais diante do uso irregular do cartão e de verbas públicas no governo Bolsonaro", afirmou Lindbergh nas redes sociais.

Além do MPF, o deputado acionou a Controladoria-Geral da União (CGU), a Polícia Federal (PF) e a Casa Civil para aprofundar as investigações. Na CGU, ele cobra esclarecimentos sobre possíveis investigações envolvendo a empresa Cedro do Líbano Comércio de Madeiras para Construção Ltda, suspeita de repassar recursos ao ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Documentos indicam que pelo menos R$ 25,3 mil foram transferidos para o sargento do Exército Luís Marcos dos Reis, que utilizou os valores para quitar despesas de um cartão de crédito ligado a Michelle Bolsonaro.

A Polícia Federal também foi questionada sobre o andamento das investigações e eventuais indiciamentos, além de saber se o caso já foi encaminhado ao Judiciário. Lindbergh também exige que a Casa Civil forneça informações detalhadas sobre viagens realizadas por Michelle Bolsonaro em aeronaves oficiais e privadas entre 2019 e 2022, incluindo os custos, justificativas e relatórios de cada deslocamento, além da identificação de familiares e assessores que a acompanharam.

Outro ponto levantado por Lindbergh é o Programa Nacional de Incentivo ao Voluntariado (Pátria Voluntária), liderado por Michelle Bolsonaro. Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) indicou diversas irregularidades e suspeitas de má utilização de recursos públicos no programa, recomendando que a Casa Civil tomasse medidas administrativas para apurar responsabilidades.

Agora, aguarda-se que o MPF, a CGU e a PF avancem nas investigações para esclarecer se houve, de fato, um caixa paralelo para financiar as despesas da ex-primeira-dama com dinheiro público.