Bolsonaro se pirulitou para a Hungria antes de o Brasil acolher ex do Peru

Se for preso, ele será um ativo para a extrema direita. Contudo, se fugir, pode ser tachado de covarde

Por Leonardo Sakamoto, jornalista, no facebook

A fuga do Brasil já era uma das opções do ex-presidente Jair Bolsonaro em cado de condenação por golpe de Estado muito antes de o governo Lula ter concedido asilo à ex-primeira-dama do Peru Nadine Heredia após a Justiça do seu país condená-la e a seu marido, o ex-presidente Ollanta Humala, a 15 anos de prisão por corrupção. 

Em entrevista a Jamil Chade, do UOL, o chanceler Mauro Vieira disse que o critério foi humanitário e seguindo as convenções internacionais. Para a discussão sobre o uso desse asilo no caso de Bolsonaro, isso importa pouco, na minha avaliação. Porque o ex-presidente já mostrou que se tiver que fugir, vai dar um jeito. Em entrevista a Raquel Landim, também do UOL, ele disse, em novembro do ano passado: “Embaixada, pelo que vejo na história do mundo, quem se vê perseguido, pode ir para lá”.

Diante da apreensão de seu passaporte em 8 de fevereiro do ano passado, em meio a uma operação da PF sobre a tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente se refugiou na Embaixada da Hungria, governada pela extrema direita de Viktor Orbán, entre 12 e 14 de fevereiro. 

Considerando que ele não estava atrás de um bom prato de goulash húngaro e nem de um Airbnb de luxo, o “mito” se muquiou com medo de um desdobramento da operação da Polícia Federal o levar para o xilindró. Na prática, houve um pocket asilo a Bolsonaro, um test drive de fuga, uma vez que terreno de embaixada conta, por convenções internacionais, com imunidade.

Com o retorno de Donald Trump ao poder, ele poderia pedir asilo político aos Estados Unidos, sob a justificativa de “comandar a resistência” direto de Orlando, na Flórida. A falta de passaporte é o de menos, há outras formas de fugir do país caso necessário seja, ainda mais com alguém com recursos financeiros e políticos para tanto, como ele mesmo já deixou claro. Ir para o Paraguai e Argentina e, de lá , para os EUA, por exemplo.

Se for preso, ele será um ativo para a extrema direita, um mártir. Contudo, se fugir, pode ser tachado de covarde. Ele tem alguns meses para pensar se prefere sua liberdade ou seu legado