Bolsonaro não trabalha, é um preguiçoso

"Bolsonaro Preguiçoso" foi um dos assuntos mais comentados no Twitter, nos últimos dois dias

Foto: Montagem pensarpiauí
Bolsonaro não trabalha

Por Leonardo Sakamoto, jornalista, no facebook

"Bolsonaro Preguiçoso" foi um dos assuntos mais comentados no Twitter, nos últimos dois dias. Memes, piadas e ironias afirmaram que o presidente da República gasta mais tempo curtindo motos aquáticas, tocando motociatas, viajando de férias para a praia, indo a jogos de futebol e andando em carros de corrida do que trabalhando.

A estratégia de mostrar que o presidente não gosta de trabalhar conta com potencial porque gera uma contradição no campo conservador entre o comportamento do presidente e algo fundamental defendido por esse campo, que é a crítica ao que chamam de "vagabundagem". Pecha que, ironicamente, uma parte dos seguidores do presidente lançou sistematicamente contra petistas, sindicalistas, movimentos sociais e a esquerda em geral.

Essa contradição não afeta diretamente a parte dos seguidores mais radicais de Bolsonaro (17% acreditam em tudo o que ele diz, segundo o Datafolha), mas pode ter um impacto no restante da população, principalmente entre os indecisos. Ou mesmo na parcela de 20% de seus eleitores que votariam em Lula.

As críticas não são de hoje e já circulavam pelas redes sociais, mas tiveram um incentivo do ex-presidente Lula, cuja equipe tuitou na sexta (3): "Média de 3,6 horas trabalhadas por dia e dezenas de folgas autoconcedidas. Entre jogos de futebol, viagens para lazer e passeios de jet ski, não sobra muito tempo para Bolsonaro trabalhar".

Junto com o texto, um meme no qual chama o atual presidente de "Vagal da República", afirma que ele "enforca dias úteis para lazer" e o acusa de ignorar "fome, desemprego, desabastecimento, inflação e carestia".

No dia seguinte, a coluna Radar, da revista Veja, afirmou que pesquisas encomendadas por aliados de Jair Bolsonaro apontaram que o rótulo de "preguiçoso" e de pessoa pouco afeita ao trabalho já pegou no presidente, o que preocupou seus assessores palacianos.

Reportagem da Folha de S.Paulo, de 29 de maio, apontou que Bolsonaro teve 48 dias úteis sem nenhum compromisso oficial segundo sua agenda pública, descontados os dias em que passou internado. E, em outros 69 dias, ele teria começado a trabalhar só depois do meio dia.

Desconsiderando as fugas do trabalho em dias de expediente, por exemplo, para fazer motociatas, cavalhadas e afins, Bolsonaro deixou Brasília 15 vezes para curtir folgas e feriadões nos litorais de São Paulo, Santa Catarina e Bahia, desde que assumiu o governo. No mesmo período de seus primeiros mandatos, Lula folgou três vezes e Dilma, sete.

O que ele não contava é que, ao contrário da pecha de "corrupto" (que não ganhou a tração que deveria apesar dos desvios de salários de servidores de seu gabinete e de seus filhos, das denúncias de propina na compra de vacinas, do superfaturamento para a compra de ônibus rurais e kits de robótica, de pastores pedindo pedágio em ouro para poderem dar a prefeitos o acesso ao governo), a pecha de "preguiçoso" e "vagabundo", enfim, podem estar começando a pegar.