Um levantamento realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) estimou que, no ponto mais alto, o ato na Avenida Paulista com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ocorrido neste sábado (7), reuniu 45,4 mil pessoas.
O cálculo da equipe do Monitor do Debate Político no Meio Digital foi feito às 16h05, usando fotos aéreas e um software especializado para contar o público. De acordo com o estudo, a margem de erro sugere que o público pode ter variado entre 40 mil e 50,8 mil pessoas.
Em um evento anterior, realizado em 25 de fevereiro e também convocado pelo ex-chefe de Estado, a mesma equipe estimou um público de 185 mil pessoas. “Aquele foi um momento excepcional, o maior que já medimos”, afirmou Pablo Ortellado, professor da USP e um dos coordenadores da pesquisa.
O levantamento destacou ainda outros atos políticos com estimativas de público. Entre eles, o ato em defesa do Estado democrático de direito, realizado em 26 de novembro de 2023, que contou com 13,3 mil pessoas. Já o protesto contra a indicação de Flávio Dino ao STF (Supremo Tribunal Federal), em 10 de dezembro de 2023, reuniu 5,6 mil pessoas.
A metodologia utilizada pelos pesquisadores envolve a divisão de imagens em segmentos e o uso de uma implementação do método P2PNet I, que identifica cabeças nas fotos e calcula o número de participantes. Esse método tem uma precisão de 72,9% na identificação de pessoas e um erro médio de 12%.
A precisão dos dados é garantida pela aplicação da tecnologia de contagem em imagens aéreas, o que permite uma avaliação mais precisa, especialmente em eventos com grandes concentrações de público, como o ato com Bolsonaro na Avenida Paulista.
Por Luiz Carlos Azenha, jornalista
Neste sábado, 7 de setembro, a Polícia Militar do governo Tarcísio de Freitas reservou, mais uma vez, os dois quilômetros entre a avenida Brigadeiro Luís Antonio e a Consolação.
Porém, o público foi esparso na maior parte do trajeto. Houve maior concentração no entorno do palco principal e de um carro de som secundário, diante da sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).
Ainda assim, faltou entusiasmo. Era quase impossível escutar os discursos a não ser para quem estava bem próximo dos carros do som.
CARAVANAS E CARTAZES
Diferentemente de manifestações anteriores, houve poucas caravanas vindas de outras cidades -- os ônibus em geral ficam estacionados no entorno do MASP.
Placas e cartazes improvisados, que em geral denotam esforço pessoal em se manifestar, estavam quase ausentes.
Os gritos espontâneos de palavras de ordem foram esparsos.
Em vez disso, expondo a crescente institucionalidade do bolsonarismo, a Paulista foi tomada por centenas de cabos eleitorais ligados às campanhas de direita em São Paulo, especialmente de vereadores.
Numa avaliação não científica, este repórter -- que esteve presente na manifestação do 24 de fevereiro de 2024 -- diria que na escala do entusiasmo houve uma notável queda, de 8 para 5.
A oferta de "carne crua", que em geral é essencial para motivar movimentos políticos de extrema-direita, ficou restrita aos apoiadores de Pablo Marçal.
SAÍDA INSTITUCIONAL
Não havia nenhuma placa pregando intervenção militar. Pelo contrário, a ditadura foi condenada e as saídas propostas nos discursos foram todas dentro da institucionalidade: impeachment de Alexandre de Moraes no Senado e anistia para os presos do 8 de janeiro através do Congresso.
A grande novidade do domingo foram os dois Ms: Marçal e Musk.
Cartazes em inglês pedindo "freedom" e com a imagem do bilionário dono do X estavam presentes, mas não em grande quantidade.
A impressão foi de um sábado de passeio relaxado pela avenida Paulista, sem o fogo retórico que marcou manifestações anteriores, inclusive da parte de quem veio apenas assistir.
Embora ainda obviamente um movimento político relevante, o "bolsonarismo de resultados" tem futuro incerto, diante da necessidade de alianças políticas com partidos tradicionais para preservar nacos do poder.