Por Leonardo Sakamoto, jornalista, no facebook
O Ministério da Fazenda proibiu a presença de bets nas partidas da Copa São Paulo de Futebol Júnior, seja em uniformes, propagandas em estádios e em canais que transmitam os jogos. Clubes que participam do campeonato estão cobrindo o nome das casas de apostas que os patrocinam com fita adesiva. É o mínimo, mas não o bastante. Anúncios de bets podem e devem ser banidos do futebol, das TVs, das rádios, de portais de internet.
A justificativa adotada pela Secretaria de Prêmios e Apostas é que a legislação veta como objeto de apostas os eventos esportivos de categorias de base. E cita a portaria SPA/MF nº 1231, de 31/07/2024, que trata de regras para o “jogo responsável” e para ações de comunicação, de publicidade e propaganda e de marketing.
Nela, a norma aponta que “para fins de implementação do jogo responsável, o agente operador de apostas deverá abster-se de patrocinar crianças ou adolescentes; buscar influenciar ou incentivar crianças ou adolescentes a apostarem; patrocinar eventos dirigidos majoritariamente a crianças ou adolescentes; e patrocinar equipes juvenis ou infantis”. Não é o único trecho que trata dos cuidados para evitar o vício dessa faixa etária.
Considerando que parte significativa do público dos campeonatos estaduais e nacionais é de crianças e adolescentes, sozinhos ou acompanhados dos responsáveis, a mesma leitura poderia e deveria ser feita para o resto dos torneios.
A maioria da série A do Campeonato Brasileiro ostenta uma variedade de nomes de casas de aposta no peito de dos jogadores, vistos como exemplos e heróis por muita gente, influenciando as novas gerações.
Qualquer tigrinho com problemas de cognição sabe que as casas de apostas lucram com o comportamento compulsivo promovido por elas mesmas. Isso soa como um traficante na “cracolândia” vender uma pedra e alertar: fume com moderação. E a promoção desse comportamento começa na infância e na adolescência, tal como o uso irresponsável de álcool e tabaco, drogas legalizadas que fazem a riqueza de muitos.