Atenção: o objetivo da Folha é reabilitar Jair Bolsonaro

A tentativa de transformar o "coitadinho" Jair Bolsonaro em vítima do "malvadão" Alexandre de Moraes tem como objetivo final a reabilitação do ex-presidente

Em mais uma tentativa de distorcer a realidade dos fatos, o jornal Folha de S.Paulo divulgou uma nova reportagem nesta quarta-feira, alegando que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), teria utilizado "formas não oficiais" e heterodoxas para investigar aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro durante as eleições de 2022, período em que Moraes presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A reportagem tenta vitimizar a família Bolsonaro e seus aliados, ignorando o contexto crítico das investigações sobre a disseminação de fake news, a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023 e a atuação de milícias digitais, estratégias que foram fundamentais para o projeto de poder do clã Bolsonaro.

O gabinete de Alexandre de Moraes prontamente respondeu, reforçando que todos os procedimentos realizados para requisitar informações ao TSE foram absolutamente oficiais e regulares. Em nota divulgada nesta terça-feira (13), o gabinete afirmou que tais medidas fazem parte dos inquéritos que investigam a difusão de desinformação e o uso de redes sociais para atacar a democracia brasileira durante o governo Bolsonaro. A declaração vem como uma resposta direta às insinuações da Folha, que tenta lançar dúvidas sobre a legitimidade das ações do ministro, que atuou dentro dos parâmetros legais com o objetivo de proteger o Estado Democrático de Direito.

A nota do gabinete de Moraes sublinha que o TSE possui poder de polícia e, portanto, a competência para conduzir investigações sobre atividades ilícitas, incluindo a produção de relatórios sobre desinformação, discursos de ódio eleitoral, tentativas de golpe de Estado e ataques às instituições democráticas. Segundo o gabinete, "todos os procedimentos foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com integral participação da Procuradoria-Geral da República".

A reportagem da Folha destaca mensagens trocadas entre assessores de Moraes, onde se discutem ajustes em relatórios para embasar decisões judiciais contra figuras públicas associadas ao bolsonarismo, como Eduardo Bolsonaro e outros aliados. Essas mensagens, no entanto, devem ser vistas no contexto mais amplo de uma resposta institucional a uma ameaça real à democracia, representada pelas campanhas de desinformação e pelos discursos golpistas que se intensificaram durante e após as eleições de 2022.

Glenn diz ter provas de que Moraes usou TSE "fora do rito" contra bolsonaristas

As denuncias da Folha são formuladas através dos jornalistas  Fabio Serapião e Glenn Greenwald, este último prometeu divulgar mais materiais nos próximos dias., "Começamos hoje a publicar uma série de matérias produzidas com base em conversas entre assessores mais próximos de Moraes — incluindo áudios, textos e documentos — documentando o que realmente aconteceu dentro do STF e do TSE em alguns de seus atos mais polêmicos", escreveu ele em sua conta na rede social X (antigo Twitter). 

Glenn criou um factoide para anistiar os criminosos do bolsonarismo, diz cientista político

O cientista político Christian Lynch criticou duramente as recentes alegações feitas pelo jornalista Glenn Greenwald, que acusa o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de usar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de maneira irregular para conduzir investigações contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Lynch argumenta que a "denúncia" de Glenn não passa de um factoide com o objetivo de desacreditar a justiça brasileira e abrir caminho para a anistia dos criminosos bolsonaristas.

Segundo Lynch, as alegações de Glenn não possuem fundamento sólido e se baseiam em interpretações distorcidas de procedimentos legais. Ele ressalta que o gabinete de Alexandre de Moraes já esclareceu que todas as ações foram oficiais e regulares, realizadas conforme as prerrogativas do TSE e com total documentação. 

As investigações conduzidas pelo ministro Moraes, que visam combater a desinformação e proteger a integridade das instituições democráticas, foram conduzidas com o devido respaldo legal, conforme destacado em nota oficial do STF. O TSE, como órgão competente, tem autoridade para requisitar informações e produzir relatórios sobre atividades ilícitas, especialmente em casos que envolvem ameaças à democracia.

Lynch questiona o timing das revelações de Glenn, sugerindo que há uma tentativa de criar uma cortina de fumaça em um momento crucial para as investigações sobre os ataques à democracia no Brasil. "Até o momento, a 'vaza jato' de Glenn não passa de factoide para tentar desacreditar a justiça e anistiar os criminosos do bolsonarismo", conclui Lynch, ressaltando a importância de se manter o foco nas investigações e na defesa das instituições democráticas.

Moraes já é alvo de articulação bolsonarista pró-impeachment 

Lideranças bolsonaristas, encabeçadas pela senadora Damares Alves, planejam apresentar um pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A ação se baseia na reportagem da Folha de São Paulo assinada pelos  jornalistas  Fabio Serapião e Glenn Greenwald.  A senadora afirmou que o anúncio oficial deve ocorrer em uma coletiva de imprensa marcada para esta quarta-feira (14), segundo relatou Tales Faria, do UOL.

Damares e outros aliados de Jair Bolsonaro estão utilizando essas alegações para fundamentar o pedido de impeachment, acusando Moraes de agir de maneira irregular e de comprometer a imparcialidade do processo eleitoral. No plenário, o senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-ocupante do Palácio do Planalto, também expressou sua indignação, alegando que as ações de Moraes teriam influenciado o resultado das eleições, vencidas pelo presidente Lula, e pedindo que o Congresso tome "providências".

Pacheco deve ‘segurar’ impeachment de Alexandre de Moraes

Se por um lado os bolsonaristas, alimentados pela Folha de S.Paulo, planejam o pedido de impeachment de Alexandre de Moraes, por outro,  a jornalista Malu Gaspar, em sua coluna no jornal O Globo, “interlocutores do presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já avisaram nos bastidores que o senador pretende segurar qualquer pedido de impeachment contra integrantes do STF”.

Veja o editorial do site Brasil 247 através do seu editor jornalista Leonardo Attuch:

Atenção: o objetivo da Folha não é eleger Tarcísio, mas sim reabilitar Bolsonaro

A direita brasileira já possui uma quantidade suficiente de pesquisas internas que revelam que o único político capaz de enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2026 é seu antecessor Jair Bolsonaro. É isso que explica o ataque coordenado pela Folha ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, em coordenação com integrantes da extrema-direita internacional, como o bilionário Elon Musk, dono do X, e o jornalista Glenn Greenwald, que parece ter se bandeado para este lado e estaria agora fazendo a sua segunda "Vaza Jato". 

A nova turbulência chega em um momento desesperador para as forças da direita, que vinham tentando emplacar um "bolsonarismo moderado" na figura do governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas. Isso porque todos os dados econômicos apontam para uma melhoria consistente nas condições de vida do povo brasileiro. O desemprego é o menor em dez anos, o crescimento econômico, tanto no setor de serviços como na indústria, vem ocorrendo acima das previsões de mercado e os grandes investimentos estão sendo retomados. Ou seja: Lula já está colhendo o que plantou, o que torna a sua reeleição para um quarto mandato uma aposta cada vez mais segura. Para completar, o mandato de Roberto Campos Neto, que vem sabotando a economia brasileira e garantindo a "bolsa-Selic" do rentismo, está prestes a se encerrar no Banco Central. 

Quando a primeira "Vaza Jato" capitaneada por Glenn Greenwald surgiu, Lula foi reabilitado porque as classes dominantes avaliavam que Jair Bolsonaro havia ido longe demais com seu projeto fascista. Era uma figura indomável e incontrolável. A primeira tentativa era colocar Lula e o PT a reboque de uma "frente ampla" neoliberal, mas o que ocorreu foi o inverso. Lula se colocou na dianteira do processo, vem fazendo um excelente governo e tem todas as condições de chegar a um quarto mandato, desfazendo aos poucos os estragos do choque neoliberal implantado em 2016 no Brasil, após o golpe de estado contra a ex-presidente Dilma Rousseff.

Li, nas primeiras horas após a "bomba" de Glenn, que a Folha, que já apoiou a ditadura militar de 1964, o golpe de 2016 e a própria eleição de Bolsonaro em 2018 (e tudo isso é a mais absoluta verdade), análises de que o jornal estaria agora embarcando de vez no projeto Tarcísio 2026. Mas, atenção, não é exatamente isto o que está acontecendo. A tentativa de transformar o "coitadinho" Jair Bolsonaro em vítima do "malvadão" Alexandre de Moraes tem como objetivo final a reabilitação do ex-presidente, com a devolução dos seus direitos políticos. Não custa lembrar que Bolsonaro os perdeu porque atacava injustamente o sistema eleitoral brasileiro. O que Glenn e a Folha tentam provar era que o ex-presidente era a verdadeira vítima deste sistema.

Por trás de tudo isso está a tentativa da Folha de manter o Brasil submetido ao choque neoliberal de 2016. Há também interesses paralelos, como o da extrema-direita internacional, que pretende o Brasil submetido a uma certa ordem geopolítica internacional, que parece estar em ruínas. Diante desta nova turbulência no voo de cruzeiro do governo Lula 3, o fundamental é acompanhar os desdobramentos, sem perder de vista os grandes interesses econômicos que se movem abaixo da superfície.

Com informações do 247