G1 - O Ministério Público Federal (MPF) arquivou o inquérito que investigava o ex-governador Fernando Pimentel (PT) e o coronel reformado Helbert Figueiró de Lourdes, então chefe do gabinete militar do governador, por tentar embaraçar ou obstruir mandados judiciais em decorrência da "Operação Acrônimo", que apura um suposto esquema de lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos para financiamento de campanhas eleitorais.
A investigação foi instaurada a partir da análise de celulares de Pimentel, apreendidos em 12 de agosto de 2019. O conteúdo revelou trocas de mensagens entre ele e o coronel Figueiró de Lourdes. O militar teria revelado movimentações da Polícia Federal.
Em junho do ano passado, houve cumprimento de mandados de busca e apreensão na casa do coronel. Segundo a Polícia Federal, Figueiró de Lourdes avisava ao então governador sobre movimentação do efetivo da PF pela cidade, inclusive sobre voos da própria corporação com policiais que vinham de Brasília.
Lourdes disse à época que “uma das funções do chefe do gabinete Militar é manter o governador informado sobre toda e qualquer questão que envolva atos relativos à ordem pública”.
O procurador da República, Antônio Arthur Barros Mendes, disse que os diálogos entre o coronel reformado e Pimentel “retratam o mero trânsito de informações então já públicas, nas quais este informava àquele sobre movimentos da Polícia Federal”.
Segundo ele, não há elementos que comprovem tentativa de obstruir as investigações ou formação de quadrilha.
Entenda o caso
A apreensão de R$ 113 mil em um jatinho, em outubro de 2014, deu início às investigações da operação "Acrônimo", que apura um suposto esquema de lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos para financiamento de campanhas eleitorais. Na ocasião, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou abertura de inquérito para apurar suposto elo com Pimentel.
No dia 7 de outubro de 2014, a Polícia Federal apreendeu mais de R$ 110 mil com passageiros de uma aeronave que pousou no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília. De acordo com a corporação, o jatinho pertencia a uma empresa de táxi aéreo e estava com três passageiros, vindos de Belo Horizonte.
De acordo com PF, os três passageiros da aeronave eram Marcier Trombiere Moreira, que trabalhou na campanha do governador eleito de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, dono de uma gráfica que também prestou serviço para o petista, e um homem identificado como Pedro Medeiros.
No dia seguinte à apreensão, a corporação abriu um inquérito e iniciou as investigações.
Primeira fase
Em 29 de maio de 2015, a Polícia Federal iniciou a primeira fase da Operação Acrônimo, em Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. A corporação apreendeu documentos em um apartamento em Brasília da primeira-dama do governo de Minas, Carolina de Oliveira.
O delegado regional de Investigação e Combate ao Crime Organizado, Dennis Cali, disse, na ocasião, que não havia nenhuma autoridade com prerrogativa de foro ou partido político sendo investigado.
No dia 30 de maio de 2015, o governador do Minas, Fernando Pimentel, fez um pronunciamento e declarou que o envolvimento da mulher na investigação se trata de um “equívoco”. “Ocorre, o mandado de busca e apreensão foi expedido com base numa alegação, numa definição inverídica, absolutamente inverídica”, disse, na ocasião.
No dia 1º de junho de 2015, o advogado de Carolina de Oliveira, Pierpaolo Bottini, afirmou ter entregue ao juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal, em Brasília, documentos que, segundo ele, comprovam a inocência da primeira-dama mineira. Estes documentos mostravam datas de abertura e de fechamento de empresa que seria de Carolina.
“A empresa de Carolina de Oliveira não é uma empresa de fachada. Ela prestava serviços de assessoria de comunicação, ela ocupou efetivamente aquele imóvel até julho de 2014”, afirmou ele, na ocasião.
Segunda fase
No dia 25 de junho de 2015, a Polícia Federal realizou a segunda fase da Operação Acrônimo e cumpriu 19 mandados de busca e apreensão em três estados e no DF. Dez mandados foram expedidos para a capital federal, seis para Belo Horizonte, e os outros três para Uberlândia (MG), Rio de Janeiro e São Paulo.
Um dos locais onde os agentes cumpriram mandado na data era um escritório no bairro Serra, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, que foi usado como escritório de campanha de Pimentel, no ano passado.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou abertura de inquérito, solicitada pela Polícia Federal, para apurar o suposto envolvimento do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), e da mulher dele, Carolina de Oliveira, nos fatos investigados pela operação "Acrônimo".
O advogado apresentou o requerimento e termo de encerramento contratual da Oli Comunicação e Imagem Eireli, ambos com data do segundo semestre de 2014, e afirmou que os documentos que comprovam a inocência da cliente seriam entregues à Justiça.