'Após envergonhar as Forças Armadas, Bolsonaro tenta intimidar o país', diz Míriam Leitão

"Bolsonaro convoca seus seguidores a permanecerem nas seções eleitorais após votar. Isso é intimidação do eleitor", afirma a jornalista

Foto: UOL
Miriam Leitão

247 - A jornalista Míriam Leitão afirma, em sua coluna no jornal O Globo, que após as Forças Armadas não divulgarem o resultado da auditoria feita nas urnas eletrônicas, “Jair Bolsonaro convoca seus seguidores a permanecerem nas seções eleitorais após votar. Isso é intimidação do eleitor e pode caracterizar cerceamento do voto. Isso tudo numa semana em que o presidente, o vice-presidente e o líder do governo na Câmara ameaçam interferir no Supremo, com aumento do número de ministros, após as eleições”.

“As ameaças institucionais continuam diariamente”, ressalta. “O relatório está pronto e não mostra qualquer problema com as urnas eletrônicas. Mas o presidente da República determinou que não fosse divulgado. O TCU está em cima, felizmente. É vergonhoso, e essa palavra ouvi de alta autoridade brasileira, que as Forças Armadas se deixem usar dessa maneira para atender aos propósitos eleitorais de um candidato",avalia. Para a jornalista, as Forças Armadas "ficarem submissas e subservientes a ele só aumentou o nível da vergonha e a dimensão da perda de credibilidade”.

No texto, Míriam Leitão relembra que “a ameaça de mudar o número de ministros do Supremo foi feita pelo presidente em entrevista à ‘Veja’, depois repetida por ele em falas sequenciais”. “Bolsonaro mentiu quando disse que a imprensa inventou. Ele afirmou, repetiu e seu entorno também disse. Mas, seu aliado Arthur Lira alertou: ‘Não é o momento adequado’. É preciso não se deixar enganar”, destaca mais à frente. 

“Enquanto isso, e com efeito imediato, o presidente convoca seus seguidores a ameaçarem as seções eleitorais. “No próximo dia 30, vamos votar, e mais do que isso, vamos permanecer na região da seção eleitoral até a apuração do resultado”, afirmou Bolsonaro e mais uma vez disse que desconfia do resultado das urnas. Os partidos precisam fazer uma representação contra isso, o mais rápido possível. Isso é uma forma de intimidação e pode resultar num cerceamento do direito de voto”, afirma.

“Bolsonaro nunca moderou-se, nunca recuou de seu projeto. Ele quer tumultuar o país se não for reeleito. E se o for, ele seguirá com o seu plano de desmanche das instituições. Como tenho dito aqui, não ver esse risco é o maior dos riscos”, finaliza.