Allan dos Santos é condenado por ofensas de cunho sexual à Patrícia Campos Mello

Desembargadores consideraram que as declarações de cunho sexual do bolsonarista não se enquadram no direito à liberdade de expressão

Foto: Reprodução
Patrícia Campos Mello e Allan dos Santos

A Justiça condenou nesta quinta-feira, dia 15 de dezembro, Allan dos Santos, fundador do site bolsonarista Terça Livre, a indenizar a jornalista da Folha de S.Paulo Patrícia Campos Mello, por ofensas contra ela. Cabe recurso na decisão.

O julgamento ocorreu na 6ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Segundo a Folha, o relator do caso citou que as expressões de cunho sexual usadas por Santos contra Patrícia não são relacionadas à liberdade de expressão. O pedido de indenização foi negado em primeira instância, em 2021.

Foi determinado o pagamento de indenização de R$ 35 mil pelos danos à repórter. De acordo com a reportagem da Folha, a advogada Taís Gasparian, que defende a jornalista, afirmou que os desembargadores contribuíram para o enfrentamento ao machismo.

"Jornalistas mulheres têm sido constantemente atacadas com referências sexuais. Esse infame tipo de agressão revela um machismo atroz de setores da sociedade brasileira que deve ser extirpado. O Tribunal de Justiça de São Paulo mais uma vez deu um passo nesse sentido. Que essa condenação de Allan dos Santos sirva como exemplo a todos que agridem as mulheres com associações sexuais."

O caso

Ainda segundo a Folha, em fevereiro de 2020, após o ex-funcionário da empresa Yacows Hans River mentir à CPMI das Fake News que Patrícia havia oferecido sexo em troca de informações, o Terça Livre transmitiu a live "O Prostíbulo em Desespero".

Além da transmissão, Allan dos Santos fez ataques contra a repórter nas redes sociais.

"Essa operação toda cheia de print FAKE é só para tentar desfazer a possibilidade de uma foda por um furo?"

Segundo a Folha, a advogada Monica Filgueiras da Silva Galvão atua também na defesa da jornalista.

"Os três desembargadores entenderam que as sentenças são abusivas e extremamente ofensivas, sem debate de ideias ou críticas ao trabalho da Patrícia, muito pelo contrário. O que há ali é uma tentativa de desmerecê-la enquanto mulher e jornalista com um ataque pessoal que configura abuso da liberdade de expressão", disse.

Com informações do Dourados News