Advogada bolsonarista usa frase nazista contra governador do RS; veja o vídeo

Polícia abriu inquérito para investigar uso da expressão "Arbeit macht frei" ("O trabalho liberta"), inscrita nos portões de Auschwitz

Foto: Redes Sociais
Doris Denise Neumann e Jair Bolsonaro

A advogada Doris Denise Neumann usou uma expressão nazista contra o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB). Em um vídeo, a advogada disse “Arbeit macht frei”, que significa “o trabalho liberta”.

A frase "Arbeit macht frei" era afixada em alguns campos de concentração do período nazista, incluindo o campo de Auschwitz – conhecido o mais cruel de todos. 

No vídeo que circula nas redes sociais, a advogada diz: “Os alemães vão entender a frase que eu vou falar: Arbeit macht frei. Não foi isso que a gente aprendeu? Que o trabalho nos faz ser livres. Pois aqui nós estamos reivindicando o trabalho. Se o governador que foi posto por nós no poder para a decisão não decidir que nós possamos trabalhar, a gente tira ele”.

O vídeo foi feito durante um protesto contra o fechamento de atividades consideradas não essenciais, o que foi determinado por decreto estadual como forma de conter o contágio da Covid-19. O evento durou cerca de 3h e causou aglomerações.

Veja o vídeo:

A militante, que já foi ao Palácio do Planalto encontrar Bolsonaro, foi candidata à Prefeitura de Nova Petrópolis pelo Patriota em 2020. Ela era do PSL no período em que o mandatário ainda estava na legenda e chegou a trabalhar pela fundação do Aliança Pelo Brasil – partido que o presidente tentou criar.

A polícia abriu um inquérito contra Doris com base no artigo 20 da lei 7716, segundo a delegada Andrea Mattos, responsável pela investigação. O trecho da legislação estabelece que configura crime “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”, que pode resultar em prisão de um a três anos, além de multa.

Doris pode ainda ser enquadrada dentro da Lei de Segurança Nacional, por “fazer em público a propaganda de processos violentos ou ilegais para alteração da ordem política ou social”, observa a delegada, referindo-se à legislação. Neste caso, o crime pode resultar em prisão de um a quatro anos.

Museu do Holocausto

O Museu do Holocausto de Curitiba compartilhou o vídeo de Neumann condenando a atitude da advogada.

“Analogias (sejam implícitas ou explícitas) elogiosas e positivas ao nazismo precisam ser rechaçadas imediatamente. Esse tipo de narrativa criminosa é um insulto à democracia, às vítimas do Holocausto, aos seus descendentes e a todos que entendem, de uma vez por todas, o que esse genocídio representa na luta contra o ódio e em prol dos direitos humanos”, afirmou em postagem no instagram.

“Esta não é uma nota de repúdio. É um pedido de ajuda às autoridades”, afirma.