Dois assassinatos em São Paulo ganharam destaque recentemente. O primeiro envolve Fernanda Bonin, professora assassinada em abril, com sua ex-companheira, Fernanda Fazio, sendo acusada de ser a mandante do crime motivado por ciúmes. O segundo caso é de Larissa Rodrigues, professora envenenada em março, onde seu marido, Luiz Antonio Garnica, e sua sogra, Elizabete Arrabaça, são suspeitos de envolvimento, possivelmente relacionados a um pedido de divórcio. Ambos os crimes envolvem relações pessoais conturbadas e motivações emocionais.
Veja a cronologia do caso da professora encontrada morta na Zona Sul de SP
A Polícia Civil prendeu nesta sexta-feira (9) Fernanda Fazio, ex-companheira da professora Fernanda Bonin, assassinada no final de abril em São Paulo. Segundo a investigação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a veterinária é apontada como a mandante do crime, motivado por ciúmes. Outras duas pessoas são suspeitas de participar diretamente da execução.
Linha do tempo do crime:
27 de abril – Desaparecimento
Fernanda Bonin foi vista pela última vez na noite de sábado (27), por volta das 18h50. Câmeras de segurança registraram a professora no elevador de seu prédio, localizado na Zona Oeste da capital paulista. Em seguida, seu carro, um Hyundai Tucson prata, foi flagrado deixando a garagem do condomínio. Desde então, ela não foi mais vista.
Na época, Fernanda Fazio relatou à polícia que havia ligado para a ex-companheira pedindo ajuda, alegando que seu carro havia quebrado na Avenida Jaguaré, também na Zona Oeste. Segundo seu primeiro depoimento, Bonin teria deixado o apartamento para socorrê-la.
Inicialmente, o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) suspeitou de latrocínio (roubo seguido de morte), já que tanto o celular quanto o veículo da professora haviam desaparecido.
28 de abril – Corpo encontrado
Na manhã de domingo (28), o corpo de Fernanda Bonin foi localizado por policiais militares em um terreno baldio nas proximidades do Autódromo de Interlagos, na Zona Sul da cidade, após uma denúncia anônima. Ela estava deitada de costas, com um cadarço enrolado no pescoço e apresentava marcas de estrangulamento.
30 de abril – Caso passa a ser investigado como homicídio
Dois dias depois, a Polícia Civil descartou a hipótese de latrocínio e passou a tratar o caso como homicídio. Na ocasião, não havia ainda uma linha clara sobre a motivação do crime, mas a possibilidade de envolvimento pessoal começou a ser considerada.
2 de maio – Ex-companheira presta depoimento
Fernanda Fazio foi chamada a depor e prestou esclarecimentos por aproximadamente duas horas. Ela reafirmou à polícia que havia solicitado ajuda a Bonin no dia do desaparecimento, justificando que seu carro havia apresentado falha mecânica.
6 de maio – Vídeo mostra carro sendo abandonado
Na terça-feira (6), a TV Globo teve acesso a imagens de câmeras de segurança que mostravam um casal abandonando o carro de Fernanda Bonin nas redondezas do Autódromo de Interlagos no mesmo dia do desaparecimento. O vídeo mostra o momento em que o casal sai do veículo, permanece por alguns segundos observando os arredores e se afasta do local.
A Polícia Civil solicitou à Justiça a prisão temporária de uma das pessoas flagradas no vídeo. A decisão se deu após a identificação de uma digital no carro, que levou os investigadores a um suspeito.
7 de maio – Prisão de suspeito
A Justiça de São Paulo decretou a prisão temporária de João Paulo Bourwuin, identificado como um dos envolvidos no abandono do carro. Ele foi preso no mesmo dia. Durante o depoimento, Bourwuin confirmou que deixou o carro no local, mas negou envolvimento no homicídio.
9 de maio – Conclusão da investigação e prisão da mandante
Nesta sexta-feira (9), a Polícia Civil concluiu que o assassinato foi encomendado por Fernanda Fazio, motivado por ciúmes. Investigadores do DHPP solicitaram a prisão de Fazio, que se apresentou à polícia e foi detida.
A Justiça também decretou a prisão de outras duas pessoas apontadas como executoras: Ivo Resende dos Santos, que está foragido, e Rosemberg Joaquim de Santana, também procurado.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) confirmou a prisão da ex-companheira da vítima e afirmou que as diligências continuam para a conclusão do caso.
Como foi o crime
Câmeras de segurança do prédio onde Fernanda Bonin morava registraram a professora no elevador por volta das 18h50 do dia 27 de abril. Em seguida, seu Hyundai Tucson prata deixou a garagem e ela não foi mais vista com vida.
Seu corpo foi encontrado no dia seguinte, com sinais de estrangulamento e um cordão enrolado no pescoço. Peritos da Polícia Técnico-Científica trabalham com a hipótese de morte por asfixia.
Veja cronologia da morte de professora envenenada
Mensagens em redes sociais, depoimentos de testemunhas, laudos periciais e declarações de autoridades detalham minuciosamente o caso da professora de pilates Larissa Rodrigues, que foi envenenada e encontrada morta em Ribeirão Preto (SP) em março deste ano.
Até o momento, duas pessoas foram presas como suspeitas de envolvimento no crime: o marido de Larissa, o médico Luiz Antonio Garnica, e a mãe dele, Elizabete Arrabaça.
A seguir, a cronologia dos eventos:
1ª semana de março - Larissa descobre traição do marido, o médico Luiz Antonio Garnica
De acordo com o depoimento de uma prima de Larissa à Polícia Civil, na semana do Dia Internacional das Mulheres, no início de março, Larissa encontrou rolhas de garrafas de vinho com datas anotadas e uma caixa com brinquedos sexuais no carro de seu marido, o que despertou a suspeita de uma traição.
A mesma prima contou que Larissa mencionou uma viagem do marido a São Paulo e expressou desconfiança de que ele não estava sozinho. Ela tentou fazer chamadas de vídeo para ele, mas ele não atendeu. Mais tarde, desconfiada, Larissa foi até o endereço da mulher com quem o médico estava se relacionando e filmou o marido entrando no prédio.
2ª semana de março - Larissa envia mensagens a uma amiga sobre sintomas de intoxicação
Cerca de uma semana antes de ser encontrada morta, Larissa enviou mensagens para uma amiga relatando sintomas como diarreia, tontura e vômito. Ela também mencionou estar sendo medicada com a ajuda do marido e da sogra.
"Amiga, estava passando mal. Estou deitada. Minha sogra veio aqui à tarde. Depois voltou para trazer remédio que Luiz pediu para ela. Eles cuidaram de mim", escreveu Larissa.
Essas mensagens foram enviadas a Caroline Marques de Oliveira, que não chegou a ver Larissa pessoalmente durante esse período. Quando soube da morte, Caroline inicialmente acreditou que a causa fosse um mal-súbito. "Ela só passou a semana dizendo que estava ruim, mas eu não sabia que a sogra estava indo todos os dias lá", disse Caroline.
21 de março - Larissa é visitada pela sogra
O delegado Fernando Bravo informou que Elizabete foi a última pessoa a ver Larissa com vida, na véspera de sua morte. Além disso, Larissa mencionava a amigos que se sentia mal toda vez que a sogra a visitava, o que levanta a possibilidade de envenenamento gradual, conforme a Polícia Civil.
21 de março - Larissa envia mensagens ao marido sobre separação
O Ministério Público teve acesso a mensagens enviadas por Larissa ao marido, nas quais ela falava sobre a separação. Essa é uma das possíveis motivações para o crime, segundo o promotor Marcus Tulio Nicolino.
"O que a investigação aponta, até o momento, é que a vítima estava buscando o divórcio. Inclusive, ela enviou mensagens ao marido na véspera do crime, dizendo que poderiam entrar em contato com um advogado na segunda-feira para resolver tudo. Isso indica que a motivação do crime está relacionada ao pedido de divórcio", afirmou o promotor.
22 de março - Larissa é encontrada morta
Larissa foi encontrada sem vida no apartamento onde morava, por guardas civis metropolitanos, após o marido afirmar que a encontrou caída no banheiro, sem causas esclarecidas. Ele também declarou que, devido à sua profissão, tentou procedimentos de urgência até a chegada do SAMU, que confirmou a morte no local.
Inicialmente, o caso foi registrado como morte suspeita.
31 de março - Marido nega comportamento violento
Em seu único depoimento à Polícia Civil até o momento, Luiz Antonio Garnica negou qualquer comportamento violento contra Larissa. “A gente nunca brigou. Isso é algo que tenho comigo, em 18 anos, nunca ficamos um dia sem conversar. Sempre resolvíamos qualquer pequena discussão de casal, não dormíamos sem dar um beijo ou um boa noite”, afirmou o médico.
11 de abril - Suposta amante de Luiz confirma que dormiu com ele na noite anterior à morte de Larissa
De acordo com o delegado, há suspeitas de que a amante de Garnica tenha ajudado a criar um álibi para ele. Essa hipótese ainda está sendo investigada. "No dia anterior ao crime, ele foi ao cinema com a amante, o que levanta a possibilidade de ele estar preparando um álibi", declarou o delegado.
20 de abril - Laudo necroscópico inconclusivo
Laudos foram solicitados ao Instituto Médico Legal (IML) e ao Instituto de Criminalística (IC) para esclarecer as circunstâncias da morte. O exame necroscópico foi inconclusivo, indicando lesões patológicas no pulmão e no coração, além de um "cogumelo de espuma", termo médico que descreve o contato do ar com líquidos do corpo, algo que pode ocorrer tanto em mortes naturais quanto não naturais.
5 de maio - Mulher confirma que Elizabete procurou por chumbinho
A investigação revelou que a sogra de Larissa, Elizabete, teria procurado uma amiga, antes da morte de Larissa, perguntando sobre a substância conhecida como chumbinho. A amiga confirmou que Elizabete fez essa busca.
"Ela ligou para uma amiga que é fazendeira, perguntando se tinha chumbinho. Quando a amiga disse que não, ela pediu indicações de onde comprar, mas não recebeu nenhum nome de local", afirmou o delegado.
6 de maio - Prisão do marido e da sogra de Larissa
Luiz Antonio Garnica e Elizabete Arrabaça foram presos temporariamente, sob acusação de homicídio qualificado. O médico foi preso enquanto trabalhava em um consultório, e a sogra foi detida em sua residência. Durante o traslado para a delegacia, Elizabete passou mal e foi socorrida pelo SAMU, sendo encaminhada a um hospital, onde passou a noite antes de retornar à prisão.
6 de maio - Laudo toxicológico confirma envenenamento por chumbinho
No mesmo dia das prisões, o delegado Fernando Bravo anunciou que o laudo toxicológico no corpo de Larissa confirmou que ela foi envenenada com chumbinho.
"Encontramos uma testemunha que relatou que a sogra procurava chumbinho cerca de 15 dias antes da morte de Larissa, o que trouxe maior segurança para nossa investigação, apontando que ela e o filho seriam responsáveis pela morte", afirmou o delegado.
6 de maio - Exumação do corpo da irmã de Luiz Garnica
A Polícia Civil anunciou que pedirá a exumação do corpo da irmã de Luiz, Nathalia Garnica, que morreu em fevereiro, aparentemente de infarto. A morte dela teve características semelhantes às de Larissa, e a presença de Elizabete no local também levanta suspeitas de envenenamento. A exumação visa esclarecer se ela também foi vítima de envenenamento.
7 de maio - Sogra de Larissa fala pela primeira vez e nega envolvimento
Antes de ser levada ao fórum para audiência de custódia, Elizabete falou com a imprensa, negando qualquer envolvimento na morte de Larissa. "Não tenho culpa de nada. É pecado o que estão fazendo com a minha imagem. Isso tudo é mentira", disse.
7 de maio - Audiência de custódia mantém as prisões
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) decidiu manter as prisões de Luiz Antonio Garnica e Elizabete Arrabaça após audiência de custódia, que teve como objetivo verificar se houve irregularidades nas prisões temporárias.