Fórum - Neste domingo de Páscoa (20), o vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, foi ao Vaticano e se encontrou com o Papa Francisco, que faleceu nesta segunda-feira (21).
A visita de Vance — um católico muito ligado aos setores mais conservadores da Igreja — ocorreu depois de um conflito aberto entre ele e o Sumo Pontífice. Antes da internação de Francisco, em fevereiro, o vice-presidente e Bergoglio discordaram publicamente de um conceito da Igreja.
O subordinado de Trump defendeu as políticas de deportação de imigrantes dos EUA através do conceito de ordo amoris (ordem do amor). Segundo Vance, esse conceito teológico justifica o fato de que imigrantes e pessoas de fora dos EUA não merecem o mesmo tratamento que os cidadãos americanos.
Francisco, em resposta, enviou uma carta a bispos dos EUA, que dizia:
"Os cristãos sabem muito bem que é somente afirmando a dignidade infinita de todos que a nossa própria identidade como pessoas e como comunidades atinge a sua maturidade. O amor cristão não é uma expansão concêntrica de interesses que, pouco a pouco, se estendem a outras pessoas e grupos. Por outras palavras: a pessoa humana não é um mero indivíduo, relativamente expansivo, com alguns sentimentos filantrópicos! A pessoa humana é um sujeito com dignidade que, através da relação constitutiva com todos, especialmente com os mais pobres, pode amadurecer gradualmente na sua identidade e vocação. O verdadeiro ordo amoris que deve ser promovido é aquele que descobrimos meditando constantemente na parábola do “Bom Samaritano” (cf. Lc 10, 25-37), isto é, meditando no amor que constrói uma fraternidade aberta a todos, sem exceção".
Neste fim de semana, o Papa Francisco se encontrou brevemente com Vance. Segundo o Vaticano, "houve uma troca de opiniões sobre a situação internacional, especialmente em relação aos países afetados por guerras, tensões políticas e situações humanitárias difíceis, com especial atenção aos migrantes, refugiados e prisioneiros".
Influência de Trump no Papado?
O período de Francisco foi marcado pelo combate ao conservadorismo na Igreja Católica, que ganhou força durante os papados de João Paulo II e Bento XVI.
Entre os principais centros nervosos de embate de Francisco se deu nos EUA, onde setores extremamente conservadores da Igreja possuem grande força e conexões íntimas com o grupo político de Donald Trump.
O site Politico afirma que pessoas próximas ao Papa Francisco reconhecem que a extrema direita dos EUA deseja influenciar na escolha do novo papa.
"Eles já influenciaram a política europeia, não teriam problema em influenciar o conclave", disse uma fonte ao site estadunidense. "Eles podem estar procurando alguém menos conflituoso", afirma.
A escolha do novo papa se dá através de um conclave com diferentes cardeais. Cento e oito dos cardeais indicados pelo Papa Francisco participarão da reunião que escolherá o próximo papa.