A morte comemorada do inimigo Bebianno

A morte de Bibiano se associada a uma série de mistérios relacionados a Jair Bolsonaro e seu clã

Foto: Abril
Bebiano, Bolsonaro e Carlos

A morte de Gustavo Bebianno, ex-ministro-chefe da Secretaria da República, durante as primeiras sete semanas ou um mês e 18 dias do governo Bolsonaro, chocou o País mais uma vez, já abalado por tantas desgraças, desde que o atual presidente da República assumiu o cargo. Como se não bastasse a iminência aterrorizante de a epidemia do COVID-19 tomar proporções catastróficas no País, mais uma notícia sombria, imediatamente associada a uma série de mistérios relacionados a Jair Bolsonaro, seu clã e suas circunstâncias.

Há cerca de três meses, Bebianno, braço direito de Bolsonaro, coordenador-geral de sua campanha eleitoral de 2018, resolveu quebrar o silêncio que o amordaçou durante nove meses, e deu sua primeira e bombástica entrevista a respeito dos bastidores da suspeita campanha presidencial de Bolsonaro. Como coordenador-geral da campanha bolsonarista e principal articulador e responsável por viabilizar, judicialmente, a candidatura presidencial do ex-capitão, Bebianno, evidentemente, sabia de tudo o que realmente aconteceu.

Era, portanto, um arquivo vivo, uma testemunha ocular importantíssima dos bastidores de uma campanha questionada por suspeitas em torno de seu provável caráter fraudulento, coalhada de dúvidas a respeito de manipulação, por exemplo, via milhões de fake news disparados em massa. Na primeira entrevista reveladora de Bebianno, ao jornalista Fábio Pannunzio, foi levantada a possibilidade de o presidente, com o apoio das Forças Armadas, dar um golpe de estado para implantar uma ditadura no País.

Facada duvidosa

Depois, o ex-ministro, despedido de forma humilhante, por uma conspiração levada a cabo pelo vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PSC), o 02, filho do presidente, levantou dúvidas sobre fatos relacionados à suposta facada desferida por Adélio Bispo, em Juiz de Fora (MG). Segundo Bebianno, Carlos teria promovido alterações inexplicáveis no esquema de segurança de seu pai, exatamente por ocasião do incidente ocorrido no dia 06 de setembro de 2018, quando o curso das eleições começou a mudar de forma fundamental.

O advogado carioca, pré-candidato do PSDB à Prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições municipais deste ano, manifestara ainda temor por sua integridade física e portanto sua vida. Poucos dias se passaram até ele morrer, segundo informações divulgadas pela imprensa, de um infarto fulminante, na madrugada deste sábado (14-3). Alçado à condição de um dos mais importantes adversários do clã Bolsonaro, Bebianno desapareceu, o que, de qualquer forma, representou algo muito conveniente à família que hoje ocupa o Palácio do Planalto.

Há quem acredite que essa cadeia de “coincidências” não passa de mera teoria da conspiração, por parte de esquerdistas. Não há, por enquanto, elementos que possam atestar se o fulminante infarto que vitimou o ex-ministro foi provocado por algum fator artificial. O certo é que a tragédia é comemorada por bolsonaristas como a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), que fez referências a castigo divino, para comentar a morte de um inimigo, tão somente mais um triunfo de quem esqueceu qualquer senso de humanidade.