A estupidez, a malandragem e cinismo tem nome: Eduardo Bolsonaro

A nova tese de Eduardo Bolsonaro sobre Barroso e o STF é de gargalhar

Por Henrique Rodrigues, jornalista, na Fórum

Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o deputado federal licenciado que curte a vida adoidado nos EUA, para muitos lembra aquele adolescente insolente e inconveniente que quer ter razão o tempo todo, até quando está cometendo os maiores absurdos, lançando mão, para esse objetivo, de mentiras, distorções e todo tipo de expediente imoral para tentar sair-se bem de uma situação adversa. Ok, mas ele não é um adolescente, vai fazer 41 anos em breve.

Nessa toada, o rei do contorcionismo argumentativo, que sempre tem uma ‘interpretação’ esdrúxula e cínica da realidade, saiu agora com uma nova tese tosca, daquelas que você fica se perguntando: “será que alguém acredita nisso e compra essa história?”. Pois bem, não se sabe se o gado sofre de insônia, mas a conversa é para boi dormir e só mesmo quem sofre de algum nível de amputação intelectual pode crer numa analogia tão cretina.

Num vídeo publicado em suas redes sociais na tarde deste sábado (24), Eduardo mostra um trecho de uma entrevista com o criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, um dos mais influentes e respeitados advogados do Brasil, em que o jurista fala sobre o quanto é criminoso o ato do filho de Jair Bolsonaro (PL) ao se lançar como um condutor de ações no exterior para atacar o próprio país, algo previsto no ordenamento jurídico brasileiro. Vale lembrar que, esta semana, por conta de uma declaração dada por Kakay à Fórum, Eduardo Bolsonaro ameaçou o criminalista de forma direta numa postagem.

No tal vídeo, logo depois de colocar o trecho de Kakay na tela, o parlamentar de extrema direita lança uma comparação que chega a ser risível. A conversa agora é de que foi o STF, na figura do seu atual presidente, o ministro Luís Roberto Barroso, quem pediu interferência estrangeira no Brasil. Em seu malabarismo infantil, ele mostra então um print de uma matéria do Estadão, recente, cujo título é “Barroso diz em Nova York que apoio dos EUA foi decisivo para evitar golpe no Brasil”. A n

A estupidez, ou melhor, a malandragem deliberada e cínica, está em tentar colocar essa questão na balança como algo igual ou semelhante ao que ele, Eduardo, está fazendo. O filho 03 de Bolsonaro está nos EUA criando um pandemônio e pentelhando autoridades estrangeiras para que elas apliquem sanções e restrições contra um juiz brasileiro que está julgando seu pai, um ex-presidente golpista que tentou derrubar o sistema político de seu país ao arrepio da lei, à força, para se perpetuar no poder e se tornar um ditador.

A fala de Barroso, para qualquer cidadão minimamente letrado, funcional e com um QI que não seja vestigial, foi sobre o papel que os EUA historicamente mantêm como fiadores de golpes de Estado na América Latina, na África e na Ásia, algo inclusive assumido pelos norte-americanos, que confessam não suas intenções, mas sim os seus intentos quando pretendem ou desejam derrubar um líder eleito democraticamente para colocar um títere do seu interesse. Por óbvio, o ministro apenas disse que o maior patrocinador de golpes de Estado do mundo, assumido, garantiu que não estava de acordo com a patuscada de Bolsonaro, não via necessidade daquilo e tampouco dava apoio. Se a maior potência do mundo estivesse alinhada à intenção do extremista brasileiro, certamente o desfecho dessa história teria sido outro.

Cada vez mais isolado e sob pressão de atores institucionais de peso, que já articulam um processo judicial para puni-lo por sua flagrante traição à pátria ao servir de artífice de uma conspiração criminosa, Eduardo, como o tal adolescente referido no começo do texto, segue querendo ter razão o tempo todo e continua com suas provocações. Só que, como adulto, ele deveria ter consciência de que, na vida real, atitudes são cobradas e têm consequências. Kakay, inclusive, como grande conhecedor do Direito e um dos mais reverenciados juristas brasileiros, já disse a essa mesma Fórum que não tem dúvidas de que o rebento de Jair Bolsonaro uma hora responderá na Justiça por sua traição, que é crime previsto em lei no Brasil. Aliás, uma lei sancionado por seu pai.