A deputada Erika Hilton escreve a linha do tempo do golpe

Entenda como todo o processo para tentar matar o presidente Lula se desenvolveu

A deputada federal Erika Hilton (PSOL) usou seu perfil no X para detalhadamente escrever a linha do tempo do golpe. Veja:

Ainda não entendeu porque o inelegível Bolsonaro foi indiciado com mais de 30 pessoas pela Polícia Federal?

Então vem cá que eu te explico  

Em 2022, tudo indicava uma vitória de Lula nas eleições, e uma vitória de Lula significaria Bolsonaro responder pelos seus crimes. E o que ele decide fazer? Cometer ainda mais crimes.

Ataque às urnas e ao Moraes, toda hora uma ameaça à democracia e ao processo eleitoral. Um eterno chilique de quem perderia a mamata e talvez a liberdade. E sempre inflamando e radicalizando seus apoiadores. 

Mesmo tentando impedir eleitores do Nordeste e do Norte de votar no 2º Turno, Lula venceu. Por uma margem pequena, mas venceu. E chocando um total de 0 pessoas, Bolsonaro e os bolsonaristas não aceitaram. 

E daí, começa nossa linha do tempo  

A partir de 01/11/22, surgiram os acampamentos em frente aos quartéis, os bloqueios em estradas, gente cantando o Hino pra pneu, o papo de "só mais 72 horas" e etc. 

E, por mais ridículo que isso tudo pareça hoje, descobriu-se que isso realmente foi planejado por Bolsonaro, aliados e militares pra desestabilizar a troca de poder e legitimar uma tentativa golpista.  

Em 09/11, o General Mario Fernandes, assessor do ex-Ministro da Saúde Pazuello, imprimiu no próprio Palácio do Planalto o plano "Punhal Verde e Amarelo" pra matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes.  

Em 12/11, o plano foi apresentado para o General Braga Netto, ex-Ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022, em sua própria casa.  

Em 15/11, o tenente-coronel do Exército Rafael Martins de Oliveira imprimiu o documento "Copa 2022", que ajudava no planejamento do plano "Punhal Verde e Amarelo".  

Logo depois, 18/11, Braga Netto visita um acampamento em frente um quartel e diz "Vocês não percam a fé, tá bom? É só o que eu posso falar para você agora".  

No dia 6/12, o General Mario Fernandes imprime de novo, no Planalto, o plano "Punhal Verde e Amarelo". Dessa vez, Bolsonaro estava no Planalto.  

No dia seguinte, 7 de Dezembro, Bolsonaro apresentou um novo documento chamado de "Minuta Golpista" aos comandantes das forças armadas e o então Ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. Seria um suposto "embasamento legal" para o golpe de Estado.  

No dia 08/12, o General Mario Fernandes disse para o Tenente-Coronel Mauro Cid que Bolsonaro deu o aval para um golpe de Estado até o dia 31 de dezembro.  

09/12: Bolsonaro vai para a frente do Palácio da Alvorada, elogia os manifestantes que pediam que Bolsonaro desse um golpe e diz: "Quem decide o meu futuro, para onde eu vou, são vocês. Quem decide para onde vão as Forças Armadas são vocês..." 

O recado foi claro: Bolsonaro queria dar um golpe, mas precisava de apoio do povo para convencer o resto das forças armadas. E os bolsonaristas entenderam da forma como seu intelecto lhes permitiu: 

No dia 12/12, fizeram um quebra-quebra com piromania em Brasília no dia 1, data da diplomação de Lula.   

No dia 15/12, colocaram em prática, com os "kids pretos" (soldados de elite do Exército), uma operação pra matar Alexandre de Moraes. E provando até que a elite do exército está abaixo da inteligência média, eles só descobriram depois, pelos jornais, que a sessão do STF do dia foi encerrada antes do que eles planejaram e abortaram o plano.   

Após esse fracasso, no dia 16/12, o assessor especial de Bolsonaro, Tenente-Coronel Marcelo Câmara enviou o itinerário de Alexandre de Moraes. Nesse dia, mais um documento foi impresso no Planalto, o do "Gabinete Institucional de Gestão da Crise", que seria liderado pelo General Augusto Heleno (Ministro do GSI) e Braga Netto após o golpe.   

No dia 21 de Dezembro, Mauro Cid pergunta para Marcelo Câmara a localização de Alexandre de Moraes. Usando toda a agilidade de um tenente-coronel do exército, Marcelo Câmara responde no dia seguinte, 22.   

Na véspera do Natal, dia 24/12, os golpistas comemoraram fazendo a única coisa que sabem fazer: fracassaram de novo. George Washington, que participava de um acampamento golpista, tentou explodir um caminhão tanque com 60 mil litros de querosene ao lado do Aeroporto de Brasília. Felizmente, não deu certo.   

Também no dia 24, Marcelo Câmara informou Mauro Cid que o ministro Alexandre de Moraes estava em São Paulo e só retornaria a Brasília no dia 31 para participar da posse. Data limite que Bolsonaro havia sugerido ao golpe.   

No dia 30 de Dezembro, provavelmente pensando "é agora ou nunca! Selva!", Bolsonaro junta toda sua coragem, seu certificado falso de vacinação e... vai pra Florida, levando joias roubadas, enquanto torce pra seus planos darem certo aqui no Brasil. Mas no dia seguinte, 31, Alexandre de Moraes continuou 100% vivo, e, os militares que queriam matá-lo, 100% fracassados.   

Em uma última tentativa, no dia 8 de Janeiro, ocorreu o famoso 8 de Janeiro. E, sob pressão pra assinar um Decreto de Garantia da Lei e da Ordem e dar mais poder aos >>>militares<<<, Lula, aconselhado pela Primeira-dama Janja, decretou apenas uma intervenção na segurança pública de Brasília. 

É por isso que Bolsonaro e mais 36 pessoas, incluindo militares das mais altas patentes, foram indiciados pela Polícia Federal e devem ser presos.

Em um intervalo de dois meses, diversas vezes, nossa Democracia esteve em um risco real de acabar. 

E sim, foi também graças à burrice e ao fracasso inerente à própria existência dos golpistas, bolsonaristas e desses militares, que o Brasil foi preservado.

Mas, acima disso, nossa nação se preservou, e se preserva, todos os dias, com o trabalho das instituições e o exercício democrático de seus poderes constitucionais.

Hoje, acima de tudo, devemos não só lutar para que NÃO HAJA ANISTIA. Mas isso é pouco. Além de não haver Anistia, nossa luta agora é para que todos os envolvidos sejam punidos, presos e nunca mais cheguem perto da vida pública e política do Brasil.