Por Claudete Dias, historiadora, no facebook
A batalha do Jenipapo, no Piauí, foi um episódio decisivo para garantir a Independência e manter a unidade política do Brasil, ao lado de outras batalhas em várias partes do Brasil. Ocorrida dia 13 de março de 1823, às margens e no leito seco do riacho Jenipapo, próximo ao município de Campo Maior, não é um fato isolado: é resultado de conflitos entre o poder colonial português e a população sertaneja piauiense, que se uniu a cearenses e maranhenses numa autêntica guerra de guerrilha, para banir do Piauí o Major João José da Cunha Fidié, imposto como Comandante das Armas e governador da capitania, em 1821, pelo rei de Portugal, D. João VI, para manter o sistema colonial e impedir o processo de independência, em curso no Brasil desde o final do século XVIII e que se prolonga até meados do XIX.
O Major Fidié e seu exército venceram a batalha, mas perderam a guerra. Fustigado pela guerrilha após a batalha, buscou apoio no Maranhão onde se refugiou na cidade de Caxias. Cercada pelo exército independente, no Morro das Tabocas, ele se rendeu em 31 de julho de 1823. Feito prisioneiro e enviado para o Rio de Janeiro, foi recebido em Portugal como herói.
A independência do Brasil não se esgota em uma data, nem no ato teatral de um príncipe português, um instrumento de ricos proprietários de terras e de escravos, comerciantes, clero e militares, para garantir a Monarquia. Foi um processo longo, penoso e violento, com lutas no Pará, Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Maranhão e Piauí - onde houve uma verdadeira guerra em vilas e povoações, como Parnaíba, Oeiras, Piracuruca, Campo Maior, Valença, Estanhado( União ) Jerumenha, Marvão( Castelo do Piauí ) entre outras , com a participação da população sertaneja, de diferentes maneiras, tipos e níveis: desde distúrbios e motins, tramas de sedições e fabricação de pólvora, saques e arrombamentos, incêndios a residências, fazendas e assassinatos de portugueses a combates sangrentos !
A independência do Brasil proclamada em 7 de setembro de 1822, se constituiu na vitória do “arranjo político” defendido pelas elites. que se apoderaram de todas as esferas do poder, em torno de seus interesses, adiando a República e a cidadania, o fim da escravidão e do latifúndio, além de manter a história popular sob os escombros da memória.