A bandidagem de Pablo Marçal, infelizmente, tem parceiros na imprensa brasileira

Mídia comercial passa pano para bandido

O caso envolvendo Pablo Marçal (PRTB) e Guilherme Boulos (PSol) começou quando Marçal, empresário e político, divulgou um laudo médico falso sobre Boulos, deputado federal pelo PSOL. Os dois concorrem à prefeitura de São Paulo. O documento sugere que Boulos teria testado positivo para cocaína.

O laudo, que Marçal divulgou como prova, estava assinado por um médico já falecido, José Roberto de Souza, e apresentava um RG incorreto, com um número a mais do que o real. A equipe de Boulos agiu rapidamente ao apontar que o CRM usado no documento pertencia ao médico falecido em 2022, um fato que levantou ainda mais suspeitas sobre a autenticidade do laudo.

Boulos interpretou o ato como uma tentativa de difamá-lo e prejudicar sua imagem pública, especialmente no contexto das eleições municipais de 2024, nas quais ele é um dos principais pré-candidatos à prefeitura de São Paulo.

Diante dessa situação, Boulos entrou com uma ação judicial contra Marçal, acusando-o de crimes de difamação e falsificação de documentos. Ele também solicitou a prisão de Marçal, alegando que o empresário cometeu um grave delito ao divulgar informações falsas e manipular dados médicos. O caso ganhou ampla repercussão na mídia, mas a mídia majoritária no Brasil é comprometida com o atraso do país e abre espaço para  criminosos como Pablo Marçal tratando-o como se fosse um candidato normal. 

Sobre o comportamento da mídia comercial brasileira, o pensarpiaui, reproduz o editorial do Brasil 247:

A bandidagem de Pablo Marçal, infelizmente, tem parceiros na imprensa brasileira

Na noite de ontem, o Brasil assistiu a um dos maiores crimes da história política brasileira: Pablo Marçal, ex-coach, ex-golpista e candidato desesperado para ganhar atenção no cenário eleitoral, divulgou um documento claramente falso para atacar Guilherme Boulos (PSOL). O laudo, que Marçal apresentou como evidência de um suposto episódio de internação de Boulos por uso de drogas, foi prontamente desmascarado. Mas o que choca não é apenas a ação criminosa de Marçal — é o fato de que parte da mídia trata esse ato vil como a divulgação de um "suposto laudo", suavizando o que já está mais que evidente: uma falsificação grosseira e criminosa.

Ao empregar termos como "suposto" e "alegado" para falar de algo que já foi desmascarado como falso, a mídia se torna cúmplice. Quando uma ex-funcionária do médico citado no laudo vem a público e afirma categoricamente que a assinatura é falsa, não há mais espaço para relativizações. A própria clínica mencionada no documento, dirigida por um conhecido de Marçal com histórico de condenação por falsificação de documentos, já está no centro da suspeita. Como, diante disso, ainda há quem fale de "suposto laudo"? É um laudo criminoso, uma armação desesperada e mal executada. Qualquer outro tratamento não passa de leniência.

Ao tratar uma fraude eleitoral tão descarada com essa suavidade, a mídia dá combustível para o terreno fértil da desinformação. A tática de Marçal é conhecida: levantar suspeitas infundadas, jogar uma mentira na praça e esperar que o estrago esteja feito antes que a verdade consiga se impor. O simples fato de o documento estar circulando e sendo debatido já é, para ele, uma vitória parcial. E quando veículos de imprensa tratam essa mentira como algo a ser ponderado ou investigado, a engrenagem do crime eleitoral continua girando.

Neste caso, a ação necessária é clara. Marçal não apenas divulgou um documento falso — ele cometeu um crime eleitoral que, de acordo com as leis brasileiras, deve ser tratado com rigor. A falsificação de documentos e o uso de fake news com o objetivo de influenciar o processo eleitoral são ataques diretos à democracia, e a resposta deve ser proporcional. Marçal deve ser preso e sua candidatura, impugnada, como Boulos bem afirmou. Não se trata de uma mera briga política, mas de uma questão de justiça e de preservação da integridade das eleições.

A imprensa, que deveria ser a linha de defesa contra a mentira, não pode se colocar no papel de cúmplice. Ao suavizar a linguagem, a mídia legitima a dúvida e perpetua o ciclo de desinformação. É preciso chamar as coisas pelo que elas são. O laudo é falso, a assinatura é falsificada, e Pablo Marçal está cometendo um crime eleitoral. Tratar essa situação com qualquer outro termo que não "falsificação criminosa" é compactuar com a distorção dos fatos.

Neste momento, é essencial que a Justiça Eleitoral e a imprensa estejam alinhadas em um único objetivo: preservar a verdade e punir exemplarmente quem tenta distorcer os fatos para se beneficiar politicamente. A impunidade ou o tratamento brando a crimes eleitorais não apenas incentivam novos atos como também corroem a confiança da sociedade no processo democrático. Marçal, com sua estratégia rasteira, precisa ser responsabilizado. E a mídia, que ainda insiste em tratar suas ações com eufemismos, deve refletir seriamente sobre seu papel nessa história. Afinal, a desinformação não se espalha sozinha — ela precisa de veículos cúmplices para ganhar força.