Praça Pedro II – reduto político de Teresina

Uma das mais remotas lembranças que eu tenho da Praça Pedro II remonta ao final dos anos 80. Havia um palco montado naquela praça, ali pelo lado da rua 13 de Maio, o artista piauiense João Claudio Moreno imitava perfeitamente, Luiz Gonzaga. Não havia espaço na Praça, ela estava tomada de gente e João Claudio exibindo sua exuberância.

Aquilo me encantou, o artista, sua performance no palco e aquela multidão. Conversando com os conterrâneos piauienses e conhecendo um pouco da história local vejo que a Praça Pedro II era também um palco político. Explicam-me, contam-me, relatam-me dos inúmeros comícios, das atividades transcorridas ali naquela praça. Não tinha como eu, que acabara de chegar de São Paulo, não fazer a comparação com a Praça da Sé que até então era o grande centro de aglutinação de ações políticas e, até mesmo, com a avenida Paulista, que alguns anos mais tarde se tornaria a cara dos protestos políticos de SP.

Passo a conviver com a Pedro II e as manifestações políticas e culturais. Política e cultura, como dissociá-las? Impossível! Foram muitos os atos políticos na Pedro II ou tendo a Praça Pedro II como cenário por onde “as coisas” políticas aconteciam.

Em 1989, a “P2” foi parte do trajeto percorrido pelo presidenciável Luis Inácio Lula da Silva. Por ali ele passou vindo da Praça Rio Branco rumo as escadarias da igreja de São Benedito e, de lá, sem um carro de som qualquer discursou de improviso e só na base da garganta. A multidão que cercava Lula ia reproduzindo o discurso do então candidato petista. Era uma Teresina do segundo semestre do ano e o evento aconteceu das 13 às 15 horas, num inclemente sol que apenas dava mais calor àquele ato político. Algum tempo depois, em depoimento ao jornalista Ricardo Kotscho, Lula revela que foi aquele comício de Teresina, naquelas condições climáticas e organizacionais, que lhe dera a certeza de que passaria para o segundo turno daquelas eleições.

Ontem, 18 de março de 2016, estive novamente na Praça Pedro II e ela, linda como sempre, exalando política por toda sua dimensão. Fizemos lá a manifestação em defesa da democracia e contra o golpe que uma camada privilegiada da sociedade brasileira quer fazer acontecer. O público presente à Praça era heterogêneo, homens, mulheres e crianças. Alguns mais abastados economicamente, mas a grande maioria se fez de gente sofrida, trabalhadora, excluída, da pele queimada pelo sol e gente negra.

Foi muito bom estar de volta a Praça Pedro II e ver a política pulsar forte como tradicionalmente acontece naquele reduto teresinense. Que outros atos aconteçam e que a Pedro II nos receba sempre para ali fazer as manifestações, porque a praça é do povo.