Pensar Piauí

Por uma mídia democrática

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Por uma mídia democrática
Hoje, em Picos, participo do Seminário Aberto de Ética e Legislação em Jornalismo, promoção
da UESPI-PICOS. Falarei sobre a democratização da comunicação e o Projeto de Lei de Iniciativa Popular para uma Mídia Democrática, encabeçado pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação – FNDC. Inicialmente quero demonstrar que a mídia, atualmente, tem um discurso único, que age obedecendo a dogmas (a crise é um deles), e que o profissional de rádio, tv e jornal encara a pauta como verdadeira, como se fosse uma coisa lógica e sem contraditório.
São poucos os jornalistas que vão a analise e que vão ao fundamento daquilo que esta
acontecendo.
Quero demonstrar àqueles que me ouvirão que nosso maior problema, uma real tragédia, é a
desigualdade social, e a mídia e Justiça se combinam para que ingênuos sejam levados a crer
que o mal maior é a corrupção. E que seria bom ver mais matérias alternativas, pequenos
grupos ocupando mais o horário nobre. Deveria haver mais espaço. Mas eles não existem.
Deveriam haver mais espaço e neles discutirmos a desigualdade social do Brasil.
Mostrar o perigo que corremos ao termos uma empresa (Rede Globo) monopolizando a
comunicação no país e os erros do PT (Partido do governo) nesta área da comunicação e, por
fim, apresentar o Projeto de Lei de Iniciativa Popular para uma Mídia Democrática (PLIP).
Esta proposta pretende regulamentar os artigos 5, 21, 220, 221, 222 e 223 da Constituição
Federal Brasileira. A proposta vai tratar de comunicação social eletrônica - canais abertos de
TV e rádio, TV por assinatura e TV de internet. Não vale para comunicação individual, como
canais de internet feitos por cidadãos (YouTube, blogs e etc.), e nem impressa, como jornais e
revistas de papel.
REGRAS DA COMUNICAÇÃO SOCIAL ELETRÔNICA
O PLIP traz como princípios e objetivos: ampliar a liberdade de expressão e opinião,
promover a cultura nacional; promover a diversidade regional, combater a discriminação e o
preconceito principalmente contra mulheres, homossexuais, negros e indígenas; e garantir os
direitos de quem assiste TV e ouve rádio e não só de quem faz;
Traz também outras garantias: que exista uma quantidade equilibrada de canais privados,
públicos e estatais; dividindo da melhor forma possível os canais em benefício da diversidade e
da pluralidade; estimular a concorrência entre as empresas privadas de comunicação; proteger
as crianças e adolescentes de programas e propagandas nocivos a eles; que os serviços
essenciais de comunicação possam ser usados por todos; proteger a privacidade dos cidadãos
quando a informação não for de interesse público; garantir que pessoas com deficiência
também consigam entender o que está passando no rádio e na TV; promover a participação
popular na política de comunicação.
O PLIP propõe que o espaço para canais de TV e rádio abertos sejam divididos em 3 tipos de
sistema:
a)Sistema público: para canais públicos e comunitários;
b)Sistema privado: para canais de empresas privadas de finalidade lucrativa;
d)Sistema estatal: para canais dos poderes do Estado
Nessa nova divisão do espaço, fica definido que: 33% serão destinados ao sistema público,
sendo metade para os canais comunitários. Garantir que os canais públicos não comunitários
cheguem a pelo menos 80% das cidades brasileiras. Os canais públicos não comunitários
deverão ser independentes dos governos..
Para financiar o Sistema Público será criado o Fundo Nacional de Comunicação Pública,
constituído de 25% de um imposto que já existe pela lei 11.652, verbas dos governos federais e
estaduais, 3% do dinheiro da propaganda dos canais privados, do pagamento das licenças para
se usar um canal privado e por doações de pessoas ou empresas. Pelo menos 25% deste Fundo
serão para os canais comunitários.
ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS E REGRAS PARA LICENÇAS DE TV E RÁDIO
Da mesma forma que em alguns países da Europa, aqui também as emissoras de TV e rádio
não vão mais ter antenas próprias. Quem ocupar um canal de TV ou rádio vai apenas fazer os
programas, outras empresas vão ser responsáveis por transmitir o sinal pelas antenas. Esse
novo tipo de empresa vai se chamar operador de rede.
O PLIP define os critérios para renovação das outorgas, incluindo a realização de consultas
públicas abertas à participação de qualquer cidadão e amplamente divulgadas. Proíbe o
arrendamento de horários e a transferência de concessão. Não poderão ter canais de rádio ou
TV, igrejas e políticos eleitos, nem sua família mais próxima (esposo, esposa, pais, irmãos e
filhos)
MECANISMOS PARA IMPEDIR CONCENTRAÇÃO E MONOPÓLIO
Ninguém pode ter mais do que 5 canais no Brasil. Ninguém pode ter licenças do mesmo tipo
(TV ou rádio) que ocupem mais de 3% do espaço reservado a esse serviço na mesma
localidade. Em cidades com mais de 100 mil habitantes ninguém pode ter canais de TV, Rádio e
jornal impresso ao mesmo tempo. Nas cidades de até 100 mil habitantes isso só é permitido se
nenhum dos veículos estiver entre os 3 de maior audiência ou maior tiragem.
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INCENTIVAR A DIVERSIDADE E PLURALIDADE
O PLIP propõe conteúdo regional e independente. Para promover a diversidade regional, as
emissoras de TV deverão respeitar as seguintes regras:
As afiliadas a uma rede deverão ocupar no mínimo 30% de sua grade transmitida entre 7h e 0h
com produção cultural, artística e jornalística regional, sendo pelo menos 7 horas por semana
em horário nobre.
As emissoras consideradas locais devem ocupar no mínimo 70% de sua grade com produção
regional.
Os canais de TV deverão veicular no horário nobre pelo menos 10% de programação feita por
produtora brasileira independente, sendo no mínimo a metade desse tipo de conteúdo feito
na própria região.
INCENTIVAR A DIVERSIDADE E PLURALIDADE
O PLIP quer o direito de antena: garantir 1 hora por semestre para cada um dos 15 grupos
sociais relevantes (associações, sindicatos, movimentos sociais etc.), definidos pelo governo
por meio de edital com critérios transparentes, que estimulem a diversidade de
manifestações.
CONTEÚDO NACIONAL
Os canais de TV têm que passar no mínimo 70% de programas brasileiros e 2 horas de
programas jornalísticos. Limites de tempo para propaganda de partidos ou de igrejas ficam
para ser definidos depois, pelas autoridades competentes.
Pelo menos a metade dos canais de rádio em cada cidade deve ser de canais que passem no
mínimo 70% de programas brasileiros.
Não pode haver censura prévia e ponto final. Mas também não pode ficar provocando o ódio
nacional, racial, religioso, sexual etc por nenhum motivo. Se alguém fizer isso, os canais podem
ser responsabilizados depois. O canal não vai ser responsabilizado pelo que falarem em uma
matéria jornalística.
O PLIP defende o direito de resposta em caso de ofensas ou inverdades. O canal abrirá um
espaço gratuito, do mesmo tamanho da notícia, para quem foi afetado. Isso deve ser feito até
48hs após a reclamação de quem se sentiu ofendido.
É preciso protegee as crianças e os adolescentes. Então o PLIP obriga classificação etária
horária nos programas. Veta publicidade direcionada a crianças de até 12 anos.
ÓRGÃOS REGULADORES
Cria o Conselho Nacional de Políticas de Comunicação, que fiscalizará e ajudará o governo a
criar políticas para a comunicação democrática. Fará parte do Conselho um Defensor dos
Direitos do Público para defender os direitos de quem assiste TV e ouve rádio, além de
representantes do governo, do Ministério Público, dos empresários, dos trabalhadores, das
universidades e da população em geral.
Também define o papel da Anatel, que regulará a parte relativa a infraestrutura e transmissão
de sinais;
E da Ancine, que ficará responsável pelo credenciamento e fiscalização das programadoras de
conteúdo.
PAÍS DEMOCRATICO
A intenção do FNDC e de todos os outros que assinam o PLIP é construir um país mais
democrático, desenvolvido e socialmente justo e, para isso, é imprescindível garantir que
todos os brasileiros tenham direito à comunicação, o que significa ampliar a liberdade de
expressão e assegurar diversidade e pluralidade nos meios audiovisuais - TV e rádio.

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