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Devastação da Amazônia é símbolo da destruição do país

Devastação da Amazônia é símbolo da destruição do país

Foto: GoogleAmazônia desmatamento
Amazônia desmatamento

Por Sérgio Fontenele, jornalista Quando saiu a notícia da vitória matemática do então candidato a presidente da República, Jair Bolsonaro, houve, naturalmente, uma explosão de euforia por parte de seus eleitores. Por outro lado, à parcela do eleitorado que votou no então candidato derrotado Fernando Haddad, com quem ele disputou o segundo turno das eleições presidenciais de 2018, a notícia foi recebida com, além de tristeza, a sensação de que os piores prenúncios e previsões poderiam ser confirmados nos meses e anos seguintes. Uma dessas sensações sombrias, afloradas pela triste notícia da vitória bolsonarista, se referia à possibilidade de “destruição” do Brasil enquanto nação, nos moldes aos quais a sociedade brasileira se reconhecia e identificava, em vários aspectos – econômico, social, democrático, cultural, educacional, etc. Lamentavelmente, após sete meses de governo, tais previsões estão ficando mais palpáveis. É o que se pode verificar na questão ambiental, com a devastação, em curso, da floresta amazônica. A intensificação do desmatamento era esperada mesmo, pois, na campanha de 2018, Bolsonaro já deixava bem claras suas intenções quanto à Amazônia, defendendo sua exploração, com o discurso vazio de que a preservação não poderia ser um obstáculo a um suposto processo de desenvolvimento econômico. O que estava oculto em sua narrativa eleitoreira era o fator em detrimento da preservação da mata e respectivo ecossistema, inigualável em todo o planeta. Escandaloso ataque contra o Inpe A derrubada ilegal e inescrupulosa da floresta ocorre em ritmo muito acelerado, por parte de madeireiros, garimpeiros e obscuros atores do agronegócio – todos criminosos –, inclusive em áreas de proteção ambiental e reservas indígenas. Mas os propósitos do governo federal se tornaram escandalosos quando dos ataques contra o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que revelou, por exemplo, que em junho houve um aumento de 88% no ritmo do desmatamento, comparado ao ocorrido no mesmo mês, em 2018. Ao invés de agir para conter o atual processo de devastação da Amazônia, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sob orientação do presidente, anunciou um “novo modelo de acompanhamento” ou monitoramento do desastre. Com isso, estabeleceu uma inversão de valores, que é própria dos tempos atuais, na qual, para resolver um problema real, é preciso negar a realidade, em vez de identificá-la e enfrentá-la diretamente. Por exemplo, sob tal ótica, é preferível negar a ditadura, para não ter que assumir que a apoia. É o que acontece com o atual governo, que opta por camuflar seus crimes de prevaricação, ao permitir ou estimular o desmatamento, com o objetivo de neutralizar o próprio e imenso desgaste, nacional e internacional, causado por sua política ambiental, que tem se revelado catastrófica, como aliás se previa. Essa política ambiental é, na verdade, antiambiental, e os números do Inpe, bem como suas imagens obtidas por sistemas de satélite, sobre o que está acontecendo na Amazônia, não deixam dúvidas sobre o caráter destrutivo do governo Bolsonaro. OBS: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do pensarpiaui

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