Antônio José Medeiros: "Reis Veloso fez muito mais para o Piauí que Petrônio Portela"

O presidente Jair Bolsonaro deu ordens para que se comemore o 31 de março de 1964 – data que marca a chegada dos militares à presidência da República e uma ditadura que se instalou naquela época e durou mais de 20 anos. A respeito deste assunto o pensarpiaui foi ouvir o professor e sociólogo Antônio José Medeiros (AJM), preso diversas vezes pelo regime militar e um estudioso da vida local e nacional. Antônio José, nunca longa entrevista, abordou diversos aspectos da política brasileira de antes de 1964 e o que foi a ditadura militar. Mas a entrevista teve um capítulo especial sobre o piauiense Petrônio Portela – governador do Estado no ano de 1964. AJM lembrou que Petrônio Portela era da geração de 1945, ocasião onde o Brasil vivia um processo de redemocratização. Lembrou a formação de Petrônio em direito no Rio de Janeiro e que ele era da UDN que representava as áreas urbanas do Brasil em contestação aos coronéis rurais que até então mandavam no país. Dentro deste contexto, Antônio José caracterizou Petrônio Portela como um progressista. Mas disse também que ele foi um oportunista, conciliando com as forças tradicionais. Segundo AJM, Petrônio tinha aproximação com Jango ao mesmo tempo que mantinha relações com os militares e que com a consolidação do golpe o piauiense aderiu de vez ao regime militar e mandou na política do Piauí por muitos anos. Antônio José afirmou que as grandes lideranças políticas do Piauí são amigas de governantes nacionais, se aproveitam desta amizade para galgar postos, mas não se comportam como autênticos representantes dos interesses locais. Como exemplo, entre outros, citou o Marques de Paranaguá que era um grande amigo de Dom Pedro II e que Petrônio Portela foi mais uma dessas lideranças que foram grandes mas não trouxeram desenvolvimento para o Piauí. Frase do professor: “vou cometer uma heresia: do ponto de vista de usar amizade do governo federal para trazer coisas para o Piauí, Reis Veloso fez muito mais que Petrônio Portela. A entrevista completa com Antônio José Medeiros, o pensar Piauí publica amanhã. Não perca!