A colaboração criminosa entre juiz e promotores foi estruturante de toda a operação Lava Jato
A colaboração criminosa entre juiz e promotores foi estruturante de toda a operação Lava Jato
Por Luis Felipe Miguel, professor da UnB, no facebook
A matéria na Folha de hoje, parceria do jornal com o Intercept Brasil, mostra mais do mesmo. Seu sentido é demonstrar que a colaboração criminosa entre juiz e promotores não foi pontual, não foi "um descuido", mas estruturante de toda a operação.
Confirma, também, que Teori Zavascki era visto como um empecilho pela orcrim de Curitiba.
Mas o impacto dos diálogos depende sobretudo do entendimento de que o juiz deve ser imparcial - é uma exigência legal, ética e lógica de sua função.
A direita não tardou em afinar o discurso para sua base desinformada e cognitivamente pouco capaz: contra o PT, vale tudo. Quando mais linhas legais e éticas foram atravessadas, quanto mais violência foi empegada, mais "heroica" foi a ação.
É a barbárie política, que eles assumiram faz tempo.
Diante do Congresso, do Judiciário e da imprensa, Moro e seus cúmplices adotam um conjunto contraditório de desculpas esfarrapadas.
Afinal, ninguém precisa hackear celular para inventar conversa. É só inventar. E ninguém se daria ao trabalho de inventar conversa que "não tem nada demais". Se é para inventar conversa, é para incriminar.
Moro se defende do mesmo jeito que condenava: sem ligar para a lógica.
Não importa, na verdade. Ele não tem a pretensão de convencer ninguém que tenha feito o primeiro semestre do curso de Direito. Ou que, alfabetizado, tenha lido o artigo 254 do Código de Processo Penal.
Sua aposta é que os poderes da República assumirão de vez que o Estado de direito é uma farsa e varrerão para baixo do tapete o mais grave escândalo de corrupção do Judiciário de que já se teve notícia no país.
O arbítrio disfarçado desliza, como de costume, para o arbítrio escancarado.